" Mensagem de Um Pseudo-Poeta Entrelinhas. "

 

     Estou a tentar viver.

     Será que estou?

     Terei eu de gritar,

     Ou, talvez, somente morrer?

     Uma única certeza ecoou:


     Até onde vou aguentar?


     Sempre a suportar e reprimir,

     Onde, sem espaço para me exprimir,

     Faço o que faço, perdido,

     Rendido a este espírito incompreendido.

     Então, pergunto: o que será de mim,

     Respirando, existindo, sofrendo sem fim?


     Saudades abraçam e perturbam-me a alma

     Apenas para me sentir ainda mais confuso.

     Lavo a mente e o corpo com calma,

     Vencidos com cada pancada e abuso.

     Em mim vejo impregnado o veneno

     Manchando a minha existência num tom ameno.


     Medo, incerteza, sangue e amor

     Embaraçam o meu futuro com terror.


     Por isso, peço a qualquer divindade:

     Orem por mim, sem medo e sem pena,

     Rasgando brutalmente a minha sanidade plena.


     Fecho, finalmente, quem outrora fui,

     Abanando e espremendo o passado,

     Varrendo de mim a vida que aflui.

     Onde não existe amor apressado,

     Racha, destrói, finda e obstrui.


     Nunca serei capaz de ser

     Aquela pessoa feliz e completa

     Onde em mim só existe espaço para sofrer.


     A viver de forma irracional,

     Guerras internas e inseguranças,

     Uivando com a decomposição emocional,

     E impedindo-me de sentir esperanças.

     Não consigo mudar, não consigo evoluir,

     Tentando, desesperadamente, atingir

     O objetivo de poder voltar a sorrir.


     Mas nada disto importa mais.

     Agarro, luto, choro e estremeço,

     Iluminado pelos obstáculos finais,

     Sentindo somente o que realmente mereço.

 
~ Nuno Pinto, Quando o Coração Se Perde, 11/09/2020 ~

Um Capítulo Rasgado e Uma Nova Vida

 
 
     Há quase um ano que este blog tinha deixado de ser o meu conforto e escape, tudo porque eu achava que não precisava, tudo porque achava que conseguia enfrentar o mundo de boca calada, sem necessidade de estar sempre a ouvir que sou dramático e exagerado porque escrevo o que sinto. Mas porque haveria eu de me importar com isso? Só eu sei o que sinto e como o sinto e a triste verdade é que ninguém é de aço, mesmo que eu tente suportar tudo nas minhas costas. Todos temos um ponto de ruptura e todos vamos, eventualmente, ceder à dor porque esta mesma dor exige ser sentida...
 
 
    Este texto pretende recuar no tempo até Novembro de 2016, até ao início de um capítulo que pensei que seria o último, que pensei que o "Para Sempre"  existia mesmo. Foi nesse Novembro de 2016 que eu e ele nos aproximamos, que nos conhecemos pela segunda vez, que eu senti aquele incrível frio na barriga, as borboletas incontroláveis e todos os meus sentidos ficaram entorpecidos e afundados no sentimento puro de amor. Foi nesse mês que eu me apaixonei e lentamente o amei, poupo a pouco e logo de seguida, quase instantaneamente, todo de um vez. Foi fantástico, foi incrível, foi a maior felicidade que pude sentir depois de vários anos de frustração, depois de vários anos de problemas em todas as áreas que uma vida pode ter e abordar. Recordo com todo o carinho do mundo e lágrimas nos olhos os nossos momentos, os nossos carinhos, as nossas viagens e tudo o que exploramos juntos. Mas se tivesse que escolher as melhores memórias que tive contigo, diria que foram os sorrisos e gargalhadas, as vezes em que sonhamos com o futuro a dois, quando dormíamos juntos e de mãos dadas e te sentia a respirar perto de mim e sabia que podia ficar ali para sempre, só a sentir o teu calor a emanar para o meu corpo. A minha melhor memória era amar-te e ter a certeza que me amavas. Foi tudo incrível, era como se eu tivesse saltado de um avião a quilómetros de distância do chão, sem pára-quedas, onde só sentia a pressão do vento e a adrenalina. Mas como todos sabemos, quem salta sem pára-quedas está destinado a cair no chão da pior maneira possível e imaginária. Foi exatamente o que aconteceu em Fevereiro de 2018, eu caí, desamparado, mas não morri. Ainda hoje penso que talvez  preferisse que a queda me matasse, talvez  fosse melhor, talvez  fosse necessário para ambos... Mas não. Decidi que parar é que era morrer, decidi que o meu coração é demasiado grande para o deitar fora daquela maneira, decidi que queria tentar outra vez e lutar por algo que achei não estar perdidoMas a partir desse momento, ao longo do caminho, tudo se foi perdendo e pedaço a pedaço, deixamos tudo ruir. Erro após erro, discussão após discussão, dor após dor, as coisas más foram-se acumulando e meros momentos bons não apagavam o passado, não apagavam as palavras ditas e não ajudavam o suficiente para sustentar um futuro. Eu não suportei mais, a minha fraqueza tornou-se agora a minha decisão final e eu desisti. Não tive estofo para aguentar os meus medos, as minhas inseguranças e as minhas incertezas e acabei com qualquer resto de sonho que ainda poderia existir. A esperança ainda ficou e foi sobretudo isso que me magoou mais, pensar que tudo ainda podia ter salvação, pensar que iríamos conseguir, por meio de algum milagre, dar a volta por cima. Mas só me afundei mais, repeti ciclos intermináveis de erros, de vícios, de substituições e tudo ficou claro que tinha terminado. Com todos estes meses ao teu lado, com os bons e maus momentos, aprendi muita coisa! Sobretudo que andamos sempre às voltas nas voltas que a vida dá e que nada é impossível quando ainda é possível acreditar. Eu acredito em almas-gémeas, em pessoas destinadas, que muitas vezes devido às circunstâncias do momento, não ficam juntas. O bonito está que não sabemos o futuro e por isso vou rasgar este capítulo do meu livro e pendurar no meu quadro de memórias, juntamente com todas as coisas importantes na minha vida. Neste momento, só te quero desejar tudo de bom e tudo o que mereces. Quero verdadeiramente que conquistes tudo o que sempre sonhaste, como conquistaste tantas coisas enquanto estive ao teu lado. Não desistas nunca, ambos sabemos que és ambicioso e lutas imenso pelos teus sonhos, sei que vais conseguir ultrapassar os teus obstáculos, está-te no sangue! (MML)
 
 
     Agora que rasguei o capítulo anterior, quero-vos contar sobre o novo capítulo onde me encontro desde Maio deste ano. Como vocês sabem (ou não) eu era aquele rapaz que com 18 anos começou a fazer tratamentos de substituição dos rins porque estes filhos da p*$# deixaram de funcionar. Desde então foi uma luta constante para me manter à tona perante tantos desafios, desconfortos, dores e maus momentos durante e após tratamentos que alguns de vocês presenciaram de perto. Após quase 7 longos anos depois disto tudo começar, no passado dia 6 de Maio, eu recebi uma chamada. Estava na hora do transplante! A felicidade invadiu-me o corpo como um terramoto e logo foi substituída por réplicas de ansiedade e medo da operação. Não havia tempo a perder, não havia tempo para pensar, não havia tempo para dúvidas ou inseguranças, apenas fui. O transplante foi um sucesso! O meu rim, que apesar de ser de uma senhora de 50 anos que morreu de aneurisma (ao qual chamei de Dulce Dolores, sendo também o nome de baptismo do meu rim), é super saudável e trabalhava muito bem, desempenhando o seu papel na perfeição! Mas este é o lado bom, o lado pelo qual todos ficamos satisfeitos e felizes, congratulando-me com o maior sorriso na voz. Poucos sabem o que passei nos seguintes 10 dias de internamentoDores que causavam lágrimas nos olhos, no corpo e na alma; efeitos secundários das imensas medicações que me eram apresentadas; desconforto, falta de horas de sono, saturação mental e mau humor insuportável... Eram tantas as sensações e emoções à flor da pele que nem dá para descrever com exatidão a bipolaridade em que me encontrava. No meio disto tudo, também havia momentos para sorrir, especialmente porque não estive sozinho naquela sala após transplante, havia mais transplantados comigo que não me vou esquecer (Tiago, Sr. José, Fátima, Adosinda e Patrícia) e ver os familiares e amigos presentes para eles e para mim foi das melhores coisas que podia pedir naqueles momentos. Quero agradecer sobretudo à minha família que me visitou mas também aos meus amigos Dara, Xavier, Pedro, Micka, Hugo, Sandra e Marinho que me vieram dizer "Olá"  em pessoa e quero-vos agradecer imenso pelo que fizeram! Não se preocupem que também não me esqueci de quem esteve presente entre mensagens e chamadas e não podiam aparecer pelos mais diversos motivos, vocês também têm todo o meu agradecimento! Depois disto tudo, quase 5 meses já se passaram, com os seus altos e baixos, mas continuo saudável e a lutar para tudo dar certo! Que venham muitos anos com a minha menina, Dulce! 
 
 
     Com isto, quero-vos agradecer, mais uma vez, por toda a paciência que têm tido comigo. Sei que às vezes sou difícil de lidar mas tenho os meus problemas e estou a aprender a viver com eles e a tentar superar a maior parte deles. Continuem a tomar conta de mim, sim? Prometo fazer o mesmo por vocês, agora e sempre que possível!
 
 
~ Nuno Pinto, Quando o Coração se Parte, 27/09/2019 ~

Depressão

 

     Depressão não é uma desculpa ou um estado de espírito, não deve ser tratada como uma gripe ou como um dia mau. Depressão é uma doença mental que afeta o corpo, a alma e toda a vida da pessoa que sofre de tal problema grave. Depressão é algo que tem de ser levado a sério e com o máximo cuidado possível! É preciso saber identificar se a pessoa tem mesmo depressão ou não, uma vez que muita gente usa isso para chamar à atenção e querer aparecer...
 
     Muita gente já tentou comparar depressão a várias coisas, situações ou acontecimentos como: é como comer uma pizza acabada de aquecer mas continua fria, é como ir para a cama dormir com medo de acordar amanhã, é como estar constantemente anémico com a taxa de hemoglobina certa, é como querer respirar e sentir que um dos pulmões não funciona, é como querer dormir mas ter medo de acordar amanhã... As comparações vão das coisas mais básicas e dececionantes a coisas mais severas e sufocantes. Muita gente enfrenta uma depressão há tanto tempo que já só querem que ela desapareça. É aí que começam a surgir as primeiras tentativas de parar tudo, de parar uma vida que pode ter futuro mas que naquele momento mais parece um caso eterno e perdido, como se a pessoa estivesse amaldiçoada a sofrer por toda a eternidade e apenas a morte o parece acordar do pesadelo que é estar vivo.
 
     Muitas vezes queremos esticar a mão e avisar quem mais amamos, quem está mais próximo de nós. Avisar que somos uma bomba-relógio e que precisamos de ajuda para cortar o fio vermelho antes que a bomba chegue ao tempo limite e rebente. Contudo, na maior parte das vezes, tudo o que nos dizem para consolo é "Não fiques assim" ou "É só um mau dia" ou "Não te preocupes, amanhã melhora". Não, não melhora! Isso não basta, não para alguém que pensa que um "mau dia" é na verdade uma "má vida", que têm problemas de autoestima gravíssimos e se sentem completamente inúteis para toda a gente, que sentem que não têm talento para nada e só estão a estorvar a quem realmente tem um objetivo e uma ambição. Estejam lá para eles, abracem as pessoas a sofrer até que eles comecem a chorar, até que vocês consigam juntar todos os pedaços espalhados por aquela cabeça confusa com o vosso apertar de braços, encostando os corações e partilhando dor e simpatia. Sejam alguém que vocês mesmos possam contar caso um dia sintam a sombra da depressão. Claro que nem toda a gente vai fazer isso, o mundo não é um mar de rosas e sonhos, mas haverá sempre alguém por perto, acreditem!
 
     E vocês, que lutam diariamente para não se afogarem no silêncio da vossa voz, mesmo com uma mente completamente aos gritos, lutem, estendam os dois braços e peçam ajuda! Há sempre alguém que se importa, há sempre alguém presente, há sempre um anjo disfarçado à vossa volta. E mesmo quando não sentirem nenhum toque quente nas redondezas, tentem um psicólogo que, apesar de não ser alguém próximo, vai estar lá, vai ouvir, vai compreender e vai refletir convosco, vai pensar na vossa depressão e em vocês como uma vida e não como um problema. Ajudou-me a mim (e ainda ajuda, porque é algo que leva tempo a curar, é algo que deixa cicatrizes muito fundas na nossa mente) em todos os meus momentos de dúvida e confusão, por isso tenho a certeza que podem ser ajudados!
 
     Por vocês, que lutam numa guerra contra vocês mesmos e que navegam num oceano sem terra à vista, não desistem, nunca!
 
 
~ Nuno Pinto, Quando o Coração se Parte, 06/11/2018 ~

Ninguém Quer Ser Um "Guerreiro"!

 
    Dá-me gozo ouvir pessoas a criticar a vida, com base nos seus problemas, dizendo o típico "A vida é injusta!". Mas parem lá para pensar e refletir, se a vida é injusta para todos, não será isso mesmo que a faz tão unicamente justa? As pessoas têm sorte nuns dias e azar noutros, este é o equilíbrio necessário deste ciclo complexo e constrangedor que é a vida. De facto, ninguém tem uma vida fácil, todos temos os nossos problemas, abrangendo todo um maior número de motivos possíveis, indo de problemas monetários, a problemas familiares, ou até problemas amorosos e problemas inevitáveis no trabalho. E se eu vos disser, por experiência própria, que os problemas de saúde são, de longe, os mais insuportáveis? Em especial os crónicos e hereditários, que são o meu caso.
 
    Começando do início e, para quem não sabe, sou um doente renal crónico, portador de Síndrome de Alport, herdado pela árvore genealógica do meu lado materno, tendo a minha mãe como o único caso, além de mim. Numa família com grandes ramificações, apenas nós herdamos tamanho peso nos nossos ombros, não numa certa altura específica da nossa vida, mas desde nascença. Nascemos já com o nosso futuro decidido por algumas codificações genéticas mutadas. O nosso síndrome é muito simples de resumir - ao longo do decorrer da nossa vida, há três coisas que, progressivamente, se vão perdendo, sem qualquer algoritmo que decida qual será a ordem: a função renal, a função visual e a função auditiva. Sendo sempre acompanhado pelo hospital e os médicos especialistas, com análises regulares de duas em duas semanas, com medicação desde que tenho memória, o meu problema foi sendo controlado até, mais ao menos, os meus 15 anos de idade. A partir deste ponto, as três decidiram fazer um acordo e avançar de pé direito, em linha reta e sem piedade por um adolescente que não sabia lidar com tamanha frustração por ter de viver de forma diferente de todos os que o rodeavam, com limites que o impingiam porque "assim era melhor". Após três anos de grande esforço para tentar controlar tudo e colocar ordem nas coisas, os meus rins decidiram rir-se de mim e já com funcionamento mínimo, pararam. Começou a pior reviravolta da minha vida: os tratamentos. Não vou entrar por explicações detalhadas quando podem procurar no google (se assim tiverem paciência), mas comecei em Diálise Peritoneal, durante três anos e meio, e estou agora em Hemodiálise, há quase dois anos e meio. São seis anos de espera por um dador anónimo. Sim, anónimo, porque eu recusei receber uma doação por parte da minha família ou amigos, não por não serem compatíveis, mas porque eu sei o que é viver limitado e não desejo esse peso a ninguém, muito menos a pessoas ao qual me preocupo e amo! Agora já sabem a minha origem, podemos passar ao problema em si.
 
    Não digam a uma pessoa doente ou que luta pela vida que é um guerreiro! Ninguém escolheu ser esse guerreiro que vocês tanto valorizam, nós somos obrigados a viver uma vida que não queremos viver, com imensos sacrifícios, dores, drogas e efeitos secundários diários. Porque é que vocês sentem orgulho por uma pessoa viver assim? Isso é presunção e arrogância. Orgulho trata-se de conquistas e objetivos mas nós não pedimos para conquistar rins parados, cancros ou diabetes, nós não temos como objetivo ter uma vida fodida que nos trás infelicidade e baixa autoestima, com operações e cujas marcas físicas das cicatrizes não são nada comparadas com as marcas das cicatrizes psicológicas que sofremos, traumas que nos vão acompanhar durante anos e que basta um deslize para a pequena autoestima que acumulamos se espalhe no chão. Nós parecemos fortes, porque temos de o ser, porque não temos outra opção de viver esta vida, porque queremos sobreviver! Mas acreditem, as lágrimas que já deixamos escapar, mágoas acumuladas por esconder os nossos verdadeiros sentimentos em relação à nossa saúde, eram suficientes para salvar o mundo da seca e encher oceanos, porque lutar uma luta ao qual não podemos fugir, uma luta que não escolhemos, não é fácil e ninguém deve ter de sentir isto na própria pele. É uma luta ridícula pela sobrevivência que nos faz ganhar ódio pelo nosso estilo de vida, pelo nosso próprio corpo, e que nos faz pensar que todos à nossa volta, sem culpa, estão a sofrer por nossa causa.
 
    Se algum dia descobrirem que estão perante uma situação absurda como esta, não tenham medo de sentir. Sintam o que vos está a envolver e aceitem a realidade, mas não estejam o tempo inteiro a fingir ser fortes, por mais difícil que seja, porque até o metal mais duro também parte. Deixem as vossas emoções fluir e sejam honestos com vocês mesmos. Apesar de tudo isto ser uma valente merda, também vai criar caráter e maturidade, por isso não parem nunca de lutar porque algum dia o sol vai surgir depois de tantos dias chuvosos e vocês vão sair à rua com um sorriso estampado na cara!
 
 
~ Nuno Pinto, Quando o Coração Regenera, 22/04/2018 ~

365 Dias + Um Futuro Contigo

 

    Voltei a este blog para anunciar algo do qual me orgulho e congratulo: um ano inteirinho de namoro com o melhor namorado que alguma vez podia desejar! Se os vossos são melhores, estimem-nos e não larguem mão deles porque estão a segurar a vossa felicidade! Conselho de quem vos quer bem! :)

 

    Para quem me conhece deve saber o quanto eu ADORO matemática!!! Por isso tomei a liberdade de transformar o ano em dias, todos os 365 dias deste foram contados como sendo o dia mais feliz da minha vida! Acreditem, mesmo em dias muito maus, bastava apenas 5 minutos para perceber o quão feliz eu era por ter o meu namorado ao meu lado, às vezes fisicamente e outras vezes simplesmente no meu coração e mente. Ele foi capaz de fazer o impossível, foi capaz de transformar alguém como eu, uma lagarta, numa borboleta crescida, completa e perdida de amores por outra borboleta, lindíssima, com as melhores das cores nas suas asas!

 

    O amor transforma as pessoas, como uma metamorfose. Sempre que disserem (ou quiserem prometer a vocês mesmos) que nunca vão mudar por alguém, não o digam porque mais tarde vão perceber o quão mentira foi essa frase dita por vocês. Amar alguém é mudar sim, mas não é um mudar para pior, não é um mudar para deixarem de ser quem vocês são. Amar alguém é mudar de um “Eu” para um “Nós”, é mudar e adaptarem-se para que a felicidade se instale, para que ambos os membros do relacionamento se encaixem na perfeição como duas peças num puzzle. Um relacionamento não é, nem deve ser, uma relação de “Sims”, palavras bonitas, várias saídas e de fotografias no Instagram. Um relacionamento tem muita trovoada e muitas confusões porque se não o tiver ou o relacionamento é recente ou então há algo errado. Para este ser saudável e duradouro tem de haver de tudo, mesmo dias maus, porque esses vão ser os verdadeiros testes que vão pôr à prova o quão dispostos vocês estão para superar algo tão trivial pela pessoa que vos faz feliz. Não deixem umas meras discussões arruinar algo tão real como o amor, porque mais tarde, se eventualmente tudo terminar, ambos vão-se continuar a amar e não vão suportar a dor de não puderem estar juntos tudo por causa de um mau dia que acabou com toda a vossa esperança no amor.

 

    Eu e o Micka já passamos por imensas coisas neste ano de namoro, coisas que vão de extremamente boas a coisas muito másJá viajamos a tantos sítios, já nos aventuramos por mais lugares que eu desconhecia e ficamos a conhecer tantas coisas e pessoas novas! Adorei a nossa viagem a Vigo, a Lisboa e a Peniche, adorei acampar contigo (e com o Ivo e o Pedro), adorei as nossas saídas à noite com amigos e bebidas! Simplesmente sair contigo é fantástico, é divertido e és a melhor companhia de todas! Até preparar refeições e sobremesas contigo são momentos divertidos e satisfatórios! Nestes 365 dias de namoro também tive dificuldades a controlar a minha solidão, as minhas saudades, os meus ciúmes e todas as alturas em que sofri por não te ter por perto quando precisava ou mesmo eu estar por perto quando precisavas! Nenhum amor é fácil e as nossas dificuldades foram importantes para fortalecer esta relação especial que temos! 

 

    Mas sabem o que é mais importante depois disto tudo? Não desistimos nem temos intenção de tal porque tudo isto faz parte do nosso amor, completa um pacote tão complexo e cheio de possibilidades. Admito que as discussões não são fáceis e por vezes nos magoamos com essas situações mas depois disso só vem mimos e compreensão pelos nossos erros. Nós lutamos muito um pelo outro porque valemos a pena, porque queremos que as coisas resultem e porque nos amamos. Eu falo por mim, mas ele é aquilo que mais me faz bem quando estou triste ou a sentir-me derrotado, graças a ele enfrento de frente muita merda só para poder estar com ele e senti-lo, vê-lo sorrir e ouvi-lo gargalhar. São essas os frutos e recompensas de um relacionamento, são estas as coisas recheadas de calor e ternura que preenchem o meu interior quando algo não está certo e assim tenciono permanecer até o fim, contigo ao meu lado. Fica comigo e prometo fazer-te o homem mais feliz de sempre! Casamos para a semana, sim? Não te esqueças de fazer antes o pedido, com um joelho no chão! Amo-te TANTO, meu amor! <3

 

    P.S.: Não te esqueças de ler o que tem no envelope, aquele que está na nossa caixinha! Entretanto já chego aí a casa para te beijar! :P

 

    ~ Nuno Pinto, Quando o Coração Regenera, 02/12/2017 ~

Voltei a este blog para anunciar algo do qual me orgulho e congratulo: um ano inteirinho de namoro com o melhor namorado que alguma vez podia desejar! Se os vossos são melhores, estimem-nos e não larguem mão deles porque estão a segurar a vossa felicidade! Conselho de quem vos quer bem!

Prenda de Aniversário ao Eevo!

 
Se me perguntarem, digo que foi ele que me pediu isto como prenda, por isso não me chamem de caloteiro ou pobre! Tenho muito gosto em escrever isto para ele, algo ao qual dediquei tempo, memória (que não é o meu forte) e esforço cerebral! Aproveita a tua, prenda, Ivo. :)
 
Ninguém sabe quando irá aparecer alguém ao qual, no futuro, iremos chamar de melhor amigo. Ninguém sabe sequer ao certo o que é um melhor amigo, nem mesmo eu ou ele. Apenas temos uma visão do que seria um e começamos a usar essa forma de referência. Mais tarde tornou-se sinónimo de uma relação forte entre dois amigos que se ajudam, apoiam e motivam mutuamente. Se é a definição certa? Talvez, mas é mais que isso também.
 
Acreditem ou não, conheci este gafanhoto numa app, uma daquelas em que as pessoas falam e conhecem-se sem se verem pessoalmente. Eu andava meio perdido no mundo depois do meu ex ter acabado comigo e fui lá parar. Por sorte, o Ivo achou piada e meteu conversa. Sendo sincero, acho que só meteu conversa porque eu dizia que gostava de jogos. Foi exatamente disso que começamos a falar e algo nele me chamava sempre à atenção, era modesto e divertido. Um exemplo de um amigo, para ser honesto. Amizade essa que já dura há quase um ano e, embora não seja há muito tempo, têm-se provado ser uma das mais desafiantes e fortes que tenho. Festejemos a isso!
 
Passamos por imensas coisas nestes meses em que somos amigos e digo-vos que nem todas foram boas! Tivemos imensas saídas onde nos divertimos para valer! Chegamos a ir um dia inteiro para o Porto apenas para jogar Pokémon GO (sim, éramos viciados na altura, não nos julguem!). Mas acima de tudo, sempre houve companheirismo em tudo o que fazíamos e ele alinhava em quase tudo, senão tudo (sobretudo porque detesta fazer planos). No meio disto tudo, as nossas personalidades até são semelhantes e isso também gera o seu conflito. Já houve tantas discussões onde ambos queríamos ter razão (já agora, eu tenho sempre razão, sim) e acabávamos por não nos falar durante X tempo, principalmente porque eu começava a perder a paciência para os dramas que ele fazia. Mesmo assim, é parte de quem ele é e, embora existe muita faísca por causa disso, eu não o tenciono deixar. Não sou assim e ele sabe que, apesar de tudo, eu vou ficar cá. Ainda por cima ele já crescer e amadureceu tanto desde que o conheço! Ele nem tinha coragem de fazer uma simples lista de coisas que precisa de levar para um fim-de-semana fora e já foi comigo a Peniche e a Viseu! Ele ainda tem as suas pancas, mas fico contente por eu o ter ajudado a mudar!
 
Ivo, com isto tudo quero-te desejar um excelente aniversário e parabéns pelos teus 24 anos! Espero também que tinhas um dia fantástico (cof cof será comigo cof cof) e que possamos aproveitar mais anos assim! Fico à espera do que vais dizer deste texto!
 
P.S.: Se chorares, chamo-te conas! :)

    Se me perguntarem, digo que foi ele que me pediu isto como prenda, por isso não me chamem de caloteiro ou pobre! Tenho muito gosto em escrever isto para ele, algo ao qual dediquei tempo, memória (que não é o meu forte) e esforço cerebral! Aproveita a tua prenda, Ivo. :)

 

    Ninguém sabe quando irá aparecer alguém ao qual, no futuro, iremos chamar de melhor amigo. Ninguém sabe sequer ao certo o que é um melhor amigo, nem mesmo eu ou ele. Apenas temos uma visão do que seria um e começamos a usar essa forma de referência. Mais tarde tornou-se sinónimo de uma relação forte entre dois amigos que se ajudam, apoiam e motivam mutuamente. Se é a definição certa? Talvez, mas é mais que isso também.

 

    Acreditem ou não, conheci este gafanhoto numa app, uma daquelas em que as pessoas falam e conhecem-se sem se verem pessoalmente. Eu andava meio perdido no mundo depois do meu ex ter acabado comigo e fui lá parar. Por sorte, o Ivo achou piada e meteu conversa. Sendo sincero, acho que só meteu conversa porque eu dizia que gostava de jogos. Foi exatamente disso que começamos a falar e algo nele me chamava sempre à atenção, ele era modesto e divertido. Um exemplo de um amigo, para ser honesto. Amizade essa que já dura há quase um ano e, embora não seja há muito tempo, têm-se provado ser uma das mais desafiantes e fortes que tenho. Festejemos a isso! <3

 

    Passamos por imensas coisas nestes meses em que somos amigos e digo-vos que nem todas foram boas! Tivemos imensas saídas onde nos divertimos para valer! Chegamos a ir um dia inteiro para o Porto apenas para jogar Pokémon GO (sim, éramos viciados na altura, não nos julguem!). Mas acima de tudo, sempre houve companheirismo em tudo o que fazíamos e ele alinhava em quase tudo, senão tudo (sobretudo porque detesta fazer planos). No meio disto tudo, as nossas personalidades até são semelhantes e isso também gera o seu conflito. Já houve tantas discussões onde ambos queríamos ter razão (já agora, eu tenho sempre razão, sim?) e acabávamos por não nos falar durante X tempo, principalmente porque eu começava a perder a paciência para os dramas que ele fazia. Mesmo assim, é parte de quem ele é e, embora existe muita faísca por causa disso, eu não o tenciono deixar. Não sou assim e ele sabe que, apesar de tudo, eu vou ficar cá. Ainda por cima ele já cresceu e amadureceu tanto desde que o conheço! Ele nem tinha coragem de fazer uma simples lista de coisas que precisa de levar para um fim-de-semana fora e já foi comigo a Peniche e a Viseu! Ele ainda tem as suas pancas, mas fico contente por eu o ter ajudado a mudar!

 

    Eevo, com isto tudo quero-te desejar um excelente aniversário e parabéns pelos teus 24 anos! Espero também que tenhas um dia fantástico (cof cof será comigo cof cof) e que possamos aproveitar mais anos assim! Fico à espera do que vais dizer deste texto!

 

P.S.: Se chorares, chamo-te conas! :)

 

~ Nuno Pinto, Quando o Coração Regenera, 10/08/2017 ~

Tarântula

 
O quão comum e provável é alguém cair nas vastas teias do amor? 
    Ah, um jovem adolescente é capaz de sentir as hormonas a correr em flash através do seu cérebro e este começa a provocar contínuas ondas de choque de ocitocina que são descarregadas para o organismo, percorrendo um corpo, tão frágil e ainda em formação, em uma mera questão de segundos. Amar alguém é receber essas descargas hormonais, de forma contínua, até o teu cérebro limitar-se a pensar "oh, foda-se, eu amo-a!". Foi assim que Mike percebeu o porquê da doce Sam lhe provocar reações tão fortes, tanto psicológicas como físicas. Físicas principalmente pois, como adolescente recarregado de hormonas masculinas, a masturbação era um bom controlo desse sistema infame, uma vez que libertava essas hormonas a imaginar Sam nos mais hediondos cenários e fantasias. Sam era uma rapariga bastante normal e estava dentro daquilo que podemos chamar " padrão normal de beleza ". Destacava-se a sua pele perfeitamente limpa e sem qualquer traço de maquilhagem, os seus fantásticos olhos verdes brilhantes misturados com uma nuvem de castanho-avelã e uns lábios carnudos e rosados, esses eram extremamente cobiçados pelas outras raparigas, chegando ao ponto de se revelarem invejosas. Porém Sam era passada muitas vezes por estranha porque, diferente do habitual medo natural das raparigas, Sam gostava de insetos. Ela chegava a falar disso com alguns rapazes, Mike estava incluído nesse pequeno grupo. Aranhas eram a grande paixão e excitação de Sam, pequenos insetos de 8 patas capazes de ultrapassar dificuldades e usar a sua micro cognição cerebral para elaborar os mais minuciosos métodos de caça de alimento. Sam delirava e Mike não achava isso nada estranho, aliás, achava fofo, diferente e até apaixonante! Claro está que o amor que sentia por Sam o levava a desenvolver interesse no mesmo tópico para poder manter uma conversa próxima e complexa sobre aracnídeos. Sam também era inteligente e notou a mudança, notou o interesse de Mike a ser canalizado na sua direção e gostou, gostou muito. Na realidade Sam tinha uma faceta que ninguém conhecia: o seu sadismo era ocultado a tempo inteiro por um sorriso grande e que abraçava corações, derretia-os e enfeitiçava-os. Mike descobriu isso da pior maneira possível. O interesse de Sam por aranhas cruza com o interesse profissional dos seus pais: eles tinham posse sobre vários zoos do país e era frequente manterem animais selvagens em casa. Eram ricos e tinham fácil possibilidade de alojar os animais que, não só seriam transportados para determinados zoos, mas também seriam contrabandeados. A sua riqueza e poder não vinham somente da honestidade e Sam herdou alguns dos traços maliciosos dos seus progenitores. Não seria a primeira vez que os pais escondiam as atrocidades da jovem Sam. Ela apenas se deliciava com toda aquela situação e os pais alinhavam na brincadeira para provar o orgulho do seu sangue que corria selvagem no corpo da única filha que o casal procriara. Sam já tinha alguém sob olho, alguém fácil capaz de ceder à sua personalidade doce, personalidade esta que forjou para facilitar uma caçada pacífica, onde a preza apenas entrava na boca do predador como um convidado VIP. 
    Num dia de escola perfeitamente normal, Sam começa a executar a sua caçada já previamente planeada: sabendo da atenção que Mike lhe dedica, era mais que óbvio que os olhos dele pousariam sobre ela como borboletas e ela faria questão de dar a entender a Mike que estava a olhar para ele, bem antes de tentar, falsamente, disfarçar a situação com o desvio da cara para o lado, fingindo timidez feminina. Mike não é tão esperto mas é atento e é impossível não reparar numa situação em que ambos os olhares se cruzam. Nesse momento, o seu cérebro simples de adolescente começou a faiscar a possibilidade de o interesse ser mútuo. Decidiu olhar outra vez e lá estava ela a mirá-lo ao longe, seguido de um desvio de cara engraçado e repentino. "Ela está a olhar para mim!" e foi assim que a mente e coração de Mike foram aguçados pelos seus sentimentos e pelos olhos de Sam, sem saber que o anzol o fisgava. Do outro lado, o sadismo de Sam estava a ser excitado por saber que Mike estava a reagir àquele pequeno gesto que era um simples olhar. Na inquietação do intervalo, Sam decidiu que estava na altura de cravar as garras. Aproximou-se calmamente por entre o amontoado de estudantes que ali se encontrava, com um ligeiro toque feminino, arrumando a franja caída sobre a sobrancelha esquerda, e sorriu na direção de Mike, sabendo que a flecha acertaria diretamente naquele coração ignorante, perdido de amores. 
    - Mike, estás ocupado hoje de tarde? Como vamos ter aquele teste de biologia para a semana, queres vir estudar a minha casa?
    O jovem-vítima nem queria acreditar. Estava confuso, excitado, empolgado e sobretudo apaixonado, era impossível recusar aquele pedido e, honestamente, não devia nem o queria fazer. Mike não conseguiu sequer formular uma única letra, como se a sua língua fosse agora nada mais que simples gelatina. Limitou-se a mover afirmativamente a sua cabeça e tentou controlar o seu estado eufórico. 
    - A sério? Então vou ter contigo no final da última aula, pode ser? - Sorriu e retirou-se enquanto soava o ensurdecedor toque da campainha de fim de intervalo. O intervalo acabou e todos tiveram de voltar para a sala, às suas mesas um pouco gastas dos vários alunos que por ali passaram ao longo de algumas décadas. A aula começou e no meio daquela turma havia pelo menos dois alunos que, claramente, não se estavam a concentrar na disciplina que estava a ser lecionada. Mike estava tão atordoado e perdido em pensamentos que nem o mais sofisticado GPS podia ajudá-lo naquele momento. Tudo o que lhe passavam naquela mente eram bofetadas de possíveis cenários sobre o seu "encontro" para estudar que a doce Sam lhe propôs. Sam, por outro lado, estava entusiasmada, tão entusiasmada que fez questão de pedir ao professor para ir ao WC apenas para poder dar umas gargalhadas ao espelho. 
    As aulas passaram em passo tortuoso para ambos mas por fim haviam acabado. Mike tentou arrumar tudo a uma velocidade furiosa e só se atrapalhou pelo meio, fazendo o estojo ainda aberto voar para o seu lado direito e, tendo como consequência, espalhar todo o material escolar nele contido. Aquela ideia sugerida por uma rapariga era tão desarmante que o cérebro de Mike teimava em não cooperar e os músculos pareciam todos disformes e prontos a desobedecer. Sam, que se aproximava, riu-se baixinho ao ver aquela cena. Para ela parecia um bezerro bebé a nascer, lindo, frágil, fraco, impotente e completamente inútil, pronto a ser devorado pelos predadores que o rodeiam e vigiam. Uns minutos depois, Mike já se encontrava pronto para partir lado a lado para uma importante aula de estudo onde não havia mais volta a dar.
    No parque de estacionamento da escola, a mãe de Sam já se encontrava estacionada à espera, no seu carro de luxo quase-tão-preto-como-a-solidão. Até os vidros eram pretos e era impossível espreitar o conforto do interior, detalhe que Mike só reparou depois de se sentar no banco traseiro, numa posição tímida e aparentemente madura, em sinal de boas maneiras e respeito perante um adulto.
    - Hoje temos visita, é? - disse a mãe de Sam, frisando o óbvio com um sorriso animado e um tom de voz doce e leve. Ao que a filha sorriu e assentiu com a cabeça. - Então vamos lá, será uma viagem rápida, não se esqueçam dos cintos, meninos! - a mãe de Sam, Rachel, fazia pairar um tom de simpatia natural e muito materno. Sam não tinha muitas parecenças com ela, pelo que Mike ponderou a hipótese de Sam ter puxado os genes do pai. Em cerca de 10 minutos, percorrendo uma rua em linha reta e muito bem pavimentada, abraçada por várias casas e apartamentos amplos e vistosos, finalmente chegam ao destino final. 
    Uma hora de estudos havia passado como vento. Ambos pareciam inteiramente dedicados ao estudo, mostrando tantas trocas de ideias, perguntas e respostas complexas entre eles sobre toda aquela matéria tão enfadonha de biologia. Mike aproveitava sempre para contemplar Sam enquanto estava ali, perto e sozinho com ela. Chegava a percorrer os traços físicos de Sam apenas com o olhar, apesar de desejar tracejar aquele corpo com beijos e com as mãos inquietas que agarravam no lápis meio gasto. Sam estava aborrecida e queria sair dali depressa, andava a contar os minutos para chegar ao momento em que iria deixar de ver a cara nojenta de Mike. Por fim, Rachel interrompe o estudo com umas leves batidas na porta e um "Lanche, meninos!" por entre os dentes, quase melódico e forçado, detalhes que passam despercebidos por Mike mas faz Sam arquear e revirar os olhos enquanto se levanta para abrir a porta. Uma bandeja com sandes mistas, bolachas de chocolate e chá morno de camomila foi colocado sobre a secretária de Sam e Rachel desapareceu na casa uma vez mais. Enquanto lanchavam, Sam decidiu que seria a melhor altura para começar a "festa surpresa".
    - Hey, Mike, tenho de te mostrar uma coisa! Anda lá, acaba de comer. 
    Estas palavras fizeram Mike abrir os olhos um pouco em excesso e devorar a sande em largas dentadas. A visão era perturbadora aos olhos de Sam mas esta ignorou a cara de nojo que estava prestes a fazer e decidiu seguir para a zona da cave, onde se encontrava a armadilha. A cave estava equipada com várias peças que Mike já tinha visto num zoo: aquários, jaulas, luzes térmicas, incubadoras... E tinha animais! O que mais se via era insetos e répteis, de todas as cores, tamanhos e aspetos. Era mesmo entusiasmante estar num zoo caseiro, completamente de gra

    O quão comum e provável é alguém cair nas vastas teias do amor? 

 

    Ah, um jovem adolescente é capaz de sentir as hormonas a correr em flash através do seu cérebro e este começa a provocar contínuas ondas de choque de ocitocina que são descarregadas para o organismo, percorrendo um corpo, tão frágil e ainda em formação, em uma mera questão de segundos. Amar alguém é receber essas descargas hormonais, de forma contínua, até o teu cérebro limitar-se a pensar "oh, foda-se, eu amo-a!". Foi assim que Mike percebeu o porquê da doce Sam lhe provocar reações tão fortes, tanto psicológicas como físicas. Físicas principalmente pois, como adolescente recarregado de hormonas masculinas, a masturbação era um bom controlo desse sistema infame, uma vez que libertava essas hormonas a imaginar Sam nos mais hediondos cenários e fantasias. Sam era uma rapariga bastante normal e estava dentro daquilo que podemos chamar "padrão normal de beleza". Destacava-se a sua pele perfeitamente limpa e sem qualquer traço de maquilhagem, os seus fantásticos olhos verdes brilhantes misturados com uma nuvem de castanho-avelã e uns lábios carnudos e rosados, esses eram extremamente cobiçados pelas outras raparigas, chegando ao ponto de se revelarem invejosas. Porém Sam era passada muitas vezes por estranha porque, diferente do habitual medo natural das raparigas, Sam gostava de insetos. Ela chegava a falar disso com alguns rapazes, Mike estava incluído nesse pequeno grupo. Aranhas eram a grande paixão e excitação de Sam, pequenos insetos de 8 patas capazes de ultrapassar dificuldades e usar a sua micro cognição cerebral para elaborar os mais minuciosos métodos de caça de alimento rumo à sobrevivência. Sam delirava e Mike não achava isso nada estranho, aliás, achava fofo, diferente e até apaixonante! Claro está que o amor que sentia por Sam o levava a desenvolver interesse no mesmo tópico para poder manter uma conversa próxima e complexa sobre a família dos aracnídeos. Sam também era inteligente e notou a mudança, notou o interesse de Mike a ser canalizado na sua direção e gostou, gostou muito! Na realidade Sam tinha uma faceta que ninguém conhecia: o seu sadismo era ocultado a tempo inteiro por um sorriso grande e que abraçava corações, derretia-os e enfeitiçava-os. Mike descobriu isso da pior maneira possível. O interesse de Sam por aranhas cruza com o interesse profissional dos seus pais: eles tinham posse sobre vários zoos do país e era frequente manterem animais selvagens em casa. Eram ricos e tinham fácil possibilidade de alojar os animais que, não só seriam transportados para determinados zoos, mas também seriam contrabandeados. A sua riqueza e poder não vinham somente da honestidade e Sam herdou alguns dos traços maliciosos dos seus progenitores. Não seria a primeira vez que os pais escondiam as atrocidades da jovem Sam. Ela apenas se deliciava com toda aquela situação e os pais alinhavam na brincadeira para provar o orgulho do seu sangue que corria selvagem no corpo da única filha que o casal procriara. Sam já tinha alguém sob olho, alguém fácil capaz de ceder à sua personalidade doce, personalidade esta que forjou para facilitar uma caçada pacífica, onde a preza apenas entrava na boca do predador como um convidado VIP. 

 

     Num dia de escola perfeitamente normal, Sam começa a executar a sua caçada já previamente planeada: sabendo da atenção que Mike lhe dedica, era mais que óbvio que os olhos dele pousariam sobre ela como borboletas e ela faria questão de dar a entender a Mike que estava a olhar para ele, bem antes de tentar, falsamente, disfarçar a situação com o desvio da cara para o lado, fingindo timidez feminina. Mike não é tão esperto mas é atento e é impossível não reparar numa situação em que ambos os olhares se cruzam. Nesse momento, o seu cérebro simples de adolescente começou a faiscar a possibilidade de o interesse ser mútuo. Decidiu olhar outra vez e lá estava ela a mirá-lo ao longe, seguido de um desvio de cara engraçado e repentino. "Ela está a olhar para mim!" e foi assim que a mente e coração de Mike foram aguçados pelos seus sentimentos e pelos olhos de Sam, sem saber que o anzol o fisgava. Do outro lado, o sadismo de Sam estava a ser excitado por saber que Mike estava a reagir àquele pequeno gesto que era um simples olhar. Na inquietação do intervalo, Sam decidiu que estava na altura de cravar as garras. Aproximou-se calmamente por entre o amontoado de estudantes que ali se encontrava, com um ligeiro toque feminino, arrumando a franja caída sobre a sobrancelha esquerda, e sorriu na direção de Mike, sabendo que a flecha acertaria diretamente naquele coração ignorante, perdido de amores. 

    - Mike, estás ocupado hoje de tarde? Como vamos ter aquele teste de biologia para a semana, queres vir estudar a minha casa?

    O jovem-vítima nem queria acreditar. Estava confuso, excitado, empolgado e sobretudo apaixonado, era impossível recusar aquele pedido e, honestamente, não devia nem o queria fazer. Mike não conseguiu sequer formular uma única letra, como se a sua língua fosse agora nada mais que simples gelatina. Limitou-se a mover afirmativamente a sua cabeça e tentou controlar o seu estado eufórico. 

    - A sério? Então vou ter contigo no final da última aula, pode ser? - Sorriu e retirou-se enquanto soava o ensurdecedor toque da campainha de fim de intervalo. O intervalo acabou e todos tiveram de voltar para a sala, às suas mesas um pouco gastas dos vários alunos que por ali passaram ao longo de algumas décadas. A aula começou e no meio daquela turma havia pelo menos dois alunos que, claramente, não se estavam a concentrar na disciplina que estava a ser lecionada. Mike estava tão atordoado e perdido em pensamentos que nem o mais sofisticado GPS podia ajudá-lo naquele momento. Tudo o que lhe passavam naquela mente eram bofetadas de possíveis cenários sobre o seu "encontro" para estudar que a doce Sam lhe propôs. Sam, por outro lado, estava entusiasmada, tão entusiasmada que fez questão de pedir ao professor para ir ao WC apenas para poder dar umas gargalhadas ao espelho. 

    

    As aulas passaram em passo tortuoso para ambos mas por fim haviam acabado. Mike tentou arrumar tudo a uma velocidade furiosa e só se atrapalhou pelo meio, fazendo o estojo ainda aberto voar para o seu lado direito e, tendo como consequência, espalhar todo o material escolar nele contido. Aquela ideia sugerida por uma rapariga era tão desarmante que o cérebro de Mike teimava em não cooperar e os músculos pareciam todos disformes e prontos a desobedecer. Sam, que se aproximava, riu-se baixinho ao ver aquela cena. Para ela parecia um bezerro bebé a nascer, lindo, frágil, fraco, impotente e completamente inútil, pronto a ser devorado pelos predadores que o rodeiam e vigiam. Uns minutos depois, Mike já se encontrava pronto para partir lado a lado para uma importante aula de estudo onde não havia mais volta a dar. No parque de estacionamento da escola, a mãe de Sam já se encontrava estacionada à espera, no seu carro de luxo quase-tão-preto-como-a-solidão. Até os vidros eram pretos e era impossível espreitar o conforto do interior, detalhe que Mike só reparou depois de se sentar no banco traseiro, numa posição tímida e aparentemente madura, em sinal de boas maneiras e respeito perante um adulto desconhecido.

    - Hoje temos visita, é? - disse a mãe de Sam, frisando o óbvio com um sorriso animado e um tom de voz doce e leve. Ao que a filha sorriu e assentiu com a cabeça. - Então vamos lá, será uma viagem rápida, não se esqueçam dos cintos, meninos! - a mãe de Sam, Rachel, fazia pairar um tom de simpatia natural e muito materno. Sam não tinha muitas parecenças com ela, pelo que Mike ponderou a hipótese de Sam ter puxado os genes do pai. Em cerca de 10 minutos, percorrendo uma rua em linha reta e muito bem pavimentada, abraçada por várias casas e apartamentos amplos e vistosos, finalmente chegam ao destino final. 

 

    Uma hora de estudos havia passado como o vento. Ambos pareciam inteiramente dedicados ao estudo, mostrando tantas trocas de ideias, perguntas e respostas complexas entre eles sobre toda aquela matéria tão enfadonha de biologia. Mike aproveitava sempre para contemplar Sam enquanto estava ali, perto e sozinho com ela. Chegava a percorrer os traços físicos de Sam apenas com o olhar, apesar de desejar tracejar aquele corpo com beijos e com as mãos inquietas que agarravam no lápis meio gasto. Sam estava aborrecida e queria sair dali depressa, andava a contar os minutos para chegar ao momento em que iria deixar de ver a cara nojenta de Mike. Por fim, Rachel interrompe o estudo com umas leves batidas na porta e um "Lanche, meninos!" por entre os dentes, quase melódico e forçado, detalhes que passam despercebidos por Mike mas faz Sam revirar os olhos enquanto se levanta para abrir a porta. Uma bandeja com sandes mistas, bolachas de chocolate e chá morno de camomila foi colocado sobre a secretária de Sam e Rachel desapareceu na casa uma vez mais. Enquanto lanchavam, Sam decidiu que seria a melhor altura para começar a "festa surpresa".

    - Hey, Mike, tenho de te mostrar uma coisa! Anda lá, acaba de comer. - Estas palavras fizeram Mike abrir os olhos um pouco em excesso e devorar a sande em largas dentadas. A visão era perturbadora aos olhos de Sam mas esta ignorou a cara de nojo que estava prestes a fazer e decidiu levantar-se e seguir para a zona da cave, onde se encontrava a armadilha, o auge da caçada. A cave estava equipada com várias peças que Mike já tinha visto num zoo: aquários, jaulas, luzes térmicas, incubadoras... E tinha animais, montes deles! O que mais se via era insetos e répteis, de todas as cores, tamanhos e aspetos. Era mesmo entusiasmante estar num zoo caseiro, completamente de graça!

    - Estás a gostar, Mike? Anda cá ver a minha preferida! - Sam saltitou até uma canto da cave onde estava um mesinha de cabeceira feita de madeira clara e com um aquário grande, banhado por uma luz avermelhada sobre ele. Mike aproximou-se devagar para ver o que se encontrava lá dentro. Continha apenas duas aranhas e eram enormes! Eram maiores que a palma da sua mão, castanhas e peludas! Mike sentiu-se fascinado e aterrorizado ao mesmo tempo com aquelas criaturas exóticas.

- São duas Aranhas-golias-comedoras-de-pássaros, conhecidas por Theraphosa blondi. São da família das tarântulas. O que achas?

- São muito bonitas! E são enormes! Como é possível crescerem tanto?!

- Podem crescer até 30 cm mas estas ainda são novas. Queres pegar na Daisy? - Sam apontou para a aranha de porte mais pequeno mas Mike não parecia nada convencido. 

- Anda lá! Elas são muito pacíficas e raramente se sentem ameaçadas. Mesmo assim, elas costumam dar picadas secas onde não é usado nenhum veneno. Não tens que ter medo, Mike, vamos! - Sam parecia impaciente e Mike não queria desapontar Sam. Acenou que sim com a cabeça e sorriu, uma reação que fez Sam querer socá-lo pois detestava a simpatia de estranhos, ainda mais quando vinha das suas vítimas. Com todo o cuidado e experiência pegou na Daisy e deixou-a subir um pouco pelo braço direito. Era possível ver as patas arquear enquanto subia pelo braço de forma lenta e metódica. 

- Vês? É simpática!

    Mike aproximou-se, finalmente decidido em pegar na Daisy. Nesse momento, Daisy começou a emitir um pequeno zumbido que vinha do seu abdómen, a parte traseira da aranha castanha, deixando Mike novamente hesitante. - Não tenhas medo! Elas fazem isso quando estão felizes! - mentiu Sam. Ela sabia que Daisy se sentia ameaçada. Quanto esta espécie de aranhas se sente ameaçada, ela tende a roçar a zona abdominal contra as patas traseiras, produzindo um zumbido que funciona como aviso da sua hostilidade. Em conjunto com isso, as quelíceras, os "ferrões" da aranha, tendem a ficar mais agitados que o normal em sinal de ataque. Porém Mike não fazia ideia e para ele era fácil não desconfiar de Sam, que tinha tanto a experiência com aranhas como tinha também o seu coração na mão. Sam então recuou e colocou Daisy na bochecha, ocupando metade da sua cara. Mike não queria acreditar no que estava a ver e sentiu-se mesmo entusiasmado por ver aquela cena. Parecia um cenário retirado de um programa de televisão sobre a vida selvagem onde os biólogos fazem todo o tipo de acrobacias com aranhas e outros animais perigosos. Sam reparou naqueles olhos esbugalhados a olhar para ela e Daisy e achou que estava na altura de chegar ao clímax do plano.

- Mike, vou ser sincera contigo. Acho que sinto algo por ti e sei que provavelmente é recíproco. Diz-me que sim, por favor... - Sam já tinha planeado o teatro para si. Estas palavras foram enunciadas dezenas de vezes, deixando Sam sempre inquieta cada vez que as terminava. Era um misto de repugnância e entusiasmo, algo que a deixava sempre nervosa, mesmo sabendo que o efeito seria garantido. 

- Eu... - Mike estava novamente perplexo. Queria gritar de felicidade mas tudo o que conseguia fazer era tremer enquanto a cara ficava quente e vermelha. - Eu gosto de ti! - gritou, não controlando os níveis do som emitido. Tal comportamento apenas contribuiu para que sentisse ainda mais vergonha e deixando os nervos arrebentarem a escala.

- Prova-o! Pousa a Daisy na tua cara, Mike. Por mim! 

Mike arqueou as sobrancelhas em espanto mas depressa se decidiu. Não podia desperdiçar esta oportunidade que tanto esperou. Inclinou-se com o corpo para a frente e levantou ligeiramente a cabeça para que Sam colocasse Daisy na sua cara, mesmo ela sendo maior que a sua bochecha. Daisy, por sua vez, voltou a emitir o zumbido típico mas Mike não suspeitava o que lhe esperava. Daisy desta vez tornou-se agressiva e com as suas quelíceras com cerca de centímetro e meio, mordeu Mike perto do lábio, causando dores enormes e fazendo este gritar com toda a força dos seus pulmões. A picada foi seca, mas a gritaria agitou Daisy e esta apenas saltou com um medo instintivo animal para dentro da boca de Mike, sendo o pior erro da aranha e o pior destino de Mike. Sam tinha-se afastado e começava a mostrar finalmente o seu ar de delícia ao ver aquela situação toda de um ângulo de espectador na primeira fila. Com Daisy agora na boca de Mike, esta estava atordoada porque o jovem não parara de gritar, levando-a a picar novamente, agora na língua onde se encontrava pousada, com a primeira dose de veneno. Mike estava totalmente desesperado, estava aterrorizado e com dores que mais ninguém senão ele podia imaginar. O cérebro estava agora sem saber como agir, fazendo Mike mover-se sem qualquer livre-arbítrio, apenas seguido pelo seu instinto de sobrevivência. Ele tentou tirar o aracnídeo com a mão, mas não foi a melhor escolha uma vez que Daisy voltou a dar mais uma picada e largando uma nova quantidade de veneno no sistema de Mike. Mike estava no limite e desta vez cerrou os dentes, mordendo com força o corpo da aranha, matando-a e levando uma quarta e última picada venenosa. Mike consegue finalmente cuspir a carcaça da aranha depois daqueles minutos agonizantes repletos de gritos e inquietação. Da boca dele saíram traços de uma Daisy desmembrada e um líquido azul viscoso que correspondia ao comum sangue aracnídeo. O veneno começava a fazer o devido efeito e as papilas gustativas da língua de Mike estavam a absorver aquele veneno como uma esponja, depositando-o rapidamente no organismo, chegando aos pontos mais cruciais do seu corpo ainda jovem e em desenvolvimento. Mike começou a sentir o seu corpo a paralisar, levando-o a cair no chão, deitado de barriga para baixo e com o queixo para cima, podendo ainda observar a cara sádica de Sam, que o olhava à distância sem o ajudar. Ela estava ali, apenas a sorrir, um sorriso ainda maior que o habitual, mostrando os dentes todos perfeitos, como se ela estivesse perante a coisa mais feliz à face da Terra. Agora os nervos de Mike começavam a deteriorizar, dando uma sensação de quase-clímax. Os seus sentidos estavam a começar a desfazer-se, pouco a pouco, e a visão dele começava agora a entrar em conflito. Dentro da boca dele, onde já não sentia dor devido à adrenalina, a língua começava a decomposição, a necrose das células e dos músculos devido aos ferrões venenosos de Daisy. Por fim, o seu cérebro e os circuitos mentais começam a retardar, levando a uma inconsciência da sua morte que estava a meros minutos de distância. Enquanto o último sono o engolia e o corpo entrava em colapso, a mente de Mike terminou as últimas atividades com um pensamento simples: "Finalmente conquistei-te!"

    Mike era agora nada mais que um simples cadáver estendido no chão daquela cave, observado por dois olhos verdes brilhantes e maliciosos.

 

~ Nuno Pinto, Quando o Coração Cria uma História, 14/07/2017 ~

6 Meses de um Futuro a Dois!

 
    Seis meses! Isto realmente parece pouco tempo, não parece? Mas vamos fazer algumas conversões numéricas! Então, podemos dizer que 6 meses são cerca de 182.64 dias, que também são cerca de 4 382,90639 horas, que também são cerca de 262 974,383 minutos... Podia continuar, mas conseguem imaginar o que é amar alguém por mais de 262 milhões de minutos?! Colocando as coisas nesta perspetiva, realmente parece gigantesco! Mas nenhuma destas matemáticas problemáticas serão capazes de medir, em números ou percentagens, nem o meu amor por ele nem os anos que quero, e tenciono, passar ao lado dele!
 
    Talvez, nestes pequenos grandes 6 meses de namoro, recebi tanto ou mais que uma infinidade de sensações, emoções, sentimentos e momentos especiais! A canalização do nosso amor entre os nossos corações e corpos transformou tudo numa forma de sensação mais intensa, e em algo que anseio e desejo sentir até o meu último batimento cardíaco! Mickäel, prometes entrelaçar os teus dedos nos meus e acompanhar-me na busca da felicidade? <3
 
    Alguns de vocês vão pensar "Outro texto no blog? Já fizeste um aos dois meses de namoro! Que clichê!". Na verdade, o meu primeiro pensamento e objetivo era comprar dois anéis novos, daqueles anéis de gente crescida, e recitar um poema honesto sobre tudo o que sinto, levando à pergunta se ele queria ou não noivar comigo, noivar para sempre, como um casal de idosos que já ultrapassou as bodas de ouro há muuuitos anos atrás, e que vivem a sorrir, já meio sem dentes, com os anéis a brilhar no dedo anelar de ambos. Mas não me quis precipitar e o Ivo, como meu melhor amigo, foi o senso comum que me faltava por causa do meu coração entusiasmado com a ideia. Não me interpretem mal! Eu quero chegar a esse importante passo do nosso relacionamento, mas não agora, não enquanto estivermos a explorar a juventude adulta que estamos a viver.
 
    Mas e então, o que decidi eu fazer? Para quem já me conhece bem, sabe o quão criativo consigo e gosto de ser, especialmente se o combustível que impulsiona esse mesmo motivo é o Mickäel! Neste momento, no momento da publicação deste texto, ele já tem a "prenda" em mãos! Não, não é nada de caráter materialista ou dispendioso. Gosto mais de coisas simples, sentimentais, prendas nossas para nós mesmos, digamos. Para o nosso sexto mês de namoro, com a ajuda do Ivo e do Micka (sem ele saber, claro), reuni uma quantidade considerável de fotos que foram tiradas ao longo desta viagem, com ele, que é o nosso namoro. Não só fotos nossas, mas também de todos os amigos que nos ajudaram a presenciar e aproveitar tantos momentos de alegria e de diversão, que ajudaram a criar memórias fantásticas e que acompanharam de perto o que sinto pelo Mickäel! Selecionei a dedo 41 fotos no total, imprimindo-as com o único intuito de poder ver o amor da minha vida com um sorriso chapado de orelha a orelha, aquele sorriso especial que me deixa tão derretido! Também comprei 4 folhas de cartolina vermelha, tamanho A2 (que, por acaso, ainda sobraram 2 folhas ahah) e com toda a minha perícia de artista que me corre nas veias, "criei" uma espécie de moldura para as fotos para que estas fiquem bem acomodadas e realçadas, ficando dispostas aos pares, no sentido contrário uma da outra (ou seja, uma à frente e outra atrás da moldura de cartolina). Mas não é apenas isso, o presente vai mais além! Como foi planeado, de 2 a 4 de Junho, nós e uns amigos (Ivo e Pedro) vamos passar o fim-de-semana a um parque de campismo em Vouzela, onde os meus pais têm uma tenda fixa e montada a tempo inteiro. Isto fica a cerca de 100 quilómetros de minha casa. Estão a juntar as peças? Um dia antes, no primeiro dia do mês de Junho, decidi viajar sozinho até ao parque de campismo, onde tive o prazer de pendurar toda aquela arte fotográfica de forma dispersa, por toda a tenda, deixando assim tudo pronto para o próximo dia, quando chegarmos lá! Conseguem imaginar a trabalheira toda que isto foi? Pois, mas se valeu a pena? ABSOLUTAMENTE SIM! 
 
    Dou por terminado a minha experiência e preparação da prenda do nosso meio ano de namoro com o namorado mais fantástico que qualquer pessoa pode desejar! Quanto à reação dele? Bem, essa até eu quero saber visto que estou a escrever isto entre 29 e 31 de Maio! Para quem o conhece, sintam-se à vontade para lhe perguntar! :P
 
*** Extra pós-viagem de ida ao campismo: Esta parte estou a escrever-vos mesmo no primeiro de Junho, depois da viagem de ida! Valeu ainda mais a pena esta viagem toda por dois motivos: a companhia verbal do Ivo, que esteve o tempo inteiro a falar comigo (Obrigado Ivo, és um amor!) e também porque evitei as autoestradas e portagens, levando-me a passear por sítios mais rústicos e naturais, sítios muito bonitos e com um aroma a puro, rodeados de fauna, flora e aldeias cujos habitantes ainda tomam por hábito a agricultura e pecuária! Foi uma ótima experiência, apesar de me ter perdido a meio da viagem porque o meu GPS é retardado! Por isso já sabem, sempre que forem fazer uma surpresa grande ao/à vosso/a namorado/a, tentem tirar o máximo partido de tudo e apreciem sempre o que vos rodeia! ***
 
~ Nuno Pinto, Quando o Coração Enraíza em Alguém, 02/06/2017 ~

Mickäel (Prenda de 2 Meses!)

 
    Já alguma vez pensaram como a linha do vosso percurso está destinada a cruzar-se com a linha de outra pessoa? No fim, tudo se resume a escolher permanecer ao lado dessa pessoa e ambas as linhas seguem lado a lado, paralelamente, ou deixar que essas linhas se cruzem para nunca mais se voltarem a encontrar. A escolha de ser feliz cabe somente a vocês. Aqui conto a história de como agarrei a minha felicidade, a qual onde já percorro o mesmo caminho há exatamente dois meses!
 
    E se vos dissesse que eu tive direito a uma segunda chance? Conheci-o, tinha eu (e ele) 15 anos, devido a circunstâncias da altura. As nossas linhas caminharam lado a lado uns dias para depois se cruzarem e partirem caminhos diferentes. Aí pensei que aquele rapaz bem-parecido tinha deixado a minha vida de vez e só iam restar algumas memórias de adolescentes, meias apagadas e com muitas incertezas. Nem queiram imaginar a minha surpresa quando, anos depois, ele mandou mensagem pelo Instagram! Fui ver as fotos dele e a opinião era óbvia: agora éramos adultos, maduros, crescidos. Eu já estava nos meus 22 e ele estava quase, quase lá! Eu ainda estava magoado devido ao relacionamento anterior (não é difícil, é o motivo do blog) e tinha medo de me deixar levar, tinha medo de confiar e sobretudo medo de voltar a amar. Ele tentou falar comigo e eu ia correspondendo mas sempre com uma distância que considerava segura. Os convites foram alguns, sendo estes cada vez menos, devido à esperança que se ia perdendo por parte dele porque sempre que ele se chegava à minha beira eu afastava-me uns bons metros de distância no sentido oposto. Certa noite, decidi ir ao casino com o meu melhor amigo e avisei-o, por acaso, porque os meus pais não estavam em casa. Não sabia o que tinha na cabeça mas senti que talvez devesse fazê-lo e foi aqui que tomei a decisão de agarrar a minha felicidade, embora, na altura, não tivesse a certeza que o estava a fazer. Entre nós ficou mais ou menos combinado que, se eu viesse cedo embora, ele vinha dormir cá a casa. A noite decorreu com várias incertezas, eu questionava-me se queria que ele viesse e ele ponderava se valia a pena vir e foi assim que arriscamos os dois. Quarenta e cinco (45) minutos depois, lá estava ele à minha porta, meio perdido depois de percorrer cerca de 30 km para a casa de um semi-desconhecido. Ficamos talvez duas horas (ou mais?) sentados na cama a falar. Essa foi a primeira vez que dormi a sério com alguém, agarrado em concha, a receber e a dar mimos como um casal apaixonado. Nunca tinha sentido algo assim! Foi quase avassalador e confuso ao mesmo tempo, sem perceber porque tinha tanto medo daquela proximidade mas, ao mesmo tempo, estava tão confortável e a sentir que aquele era o meu lugar. A partir daí começamos a falar diáriamente, de forma igual e gradual, com um interesse agora mútuo.
 
    Na vida, as pessoas acabam por ser como uma casa. Cada pessoa é um tipo de casa, pode ser moradia, apartamento, uma cabana, uma tenda ou qualquer outro tipo de casa. Pode ser grande ou pequena, pode ser segura ou não, pode ter muitas portas ou janelas ou ser completamente uma casa isolada. E nós, de um ponto de vista como um humano, para conhecermos alguém, temos de entrar dentro da casa, dentro da vida de alguém, e ver o interior, a comodidade, a segurança e ter a certeza que é um bom interior, um sítio onde podemos viver. Acontece é que muita gente tem as portas e janelas trancadas ou são julgadas pela pintura, pelo seu exterior, e por isso muita gente passa despercebida sem entrar dentro das casas que encontra. Eu vi-te ao longe sem saber o que esperar, confuso de qualquer tipo de sentimento e emoção, e bati à porta. A porta estava aberta e entrei, passo a passo, de uma forma lenta e cautelosa, atento ao que me rodeava. Fui explorando a apreciando, fui palpando todo um interior fantástico, mobilado, com uma personalidade incrível e fui-me apaixonando, onde eu mesmo desejei "quero viver aqui!". Quero continuar a explorar este sítio que quero chamar de casa e quero viver contigo, quero-te presente em todos os dias de todos os anos, de aqui para a frente!
 
    Quero te lembrar também do dia em que oficializamos o namoro, a 2 de Dezembro! Estavas de férias (benditas férias!) e íamos ter com a Ana para eu lhe dar a prenda de Natal, aquele lindo panda de 90 cm que eu sabia que ela ia adorar! Ao chegar lá, deliciei-me com a reação feliz da Ana e o espanto estampado na cara das pessoas por quem passávamos, sempre de olhos postos num panda enorme que eu levava no peito e onde, de frente, só se viam as minhas pernas e os meus braços a abraçar o panda. Estava em pulgas para te dar a minha prende de natal, que era constituída por duas partes. Duas pulseiras de couro preto, magnéticas, e dois anéis de metal, iguais e a brilhar. No dia anterior percorri multidões em 3 shoppings à procura da prenda ideal para ti mas tudo valeu a pena! Lembro-me tão bem de estar a falar contigo e dizer "Tens aqui a primeira parte da tua prenda." onde te dei primeiro as pulseiras. Fiquei feliz com a tua reação de alegria mas não podia parar aí, estava longe de acabar! Uns bons minutos depois, por entre conversas e brincadeiras com a Ana, puxei-te para falar contigo e esperava que tudo corresse bem mas estava demasiado nervoso e estava todo atrapalhado! Pedi-te para abrir a mão e mal obedeceste, sem nem sequer refletir, disse "Namora comigo!". Nem foi um pedido, foi uma ordem, acompanhada por uma vergonha mórbida de querer fugir, sem esperar por uma resposta! Mas tudo passou quando disseste que sim e que já tínhamos um relacionamento antes, tudo era apenas formalidades de oficialização. A tua cara corada deixava-me aliviado e tão feliz que nem podes imaginar! Obrigado por aceitares! <3
 
    Por fim, quero que saibas que escrevi esta dedicatória como uma prenda de dois meses de namoro porque prendas não são essencialmente monetárias e tu sabes que dediquei imenso tempo neste texto, só para ti e para provar que tenho o maior orgulho em te ter como namorado. Fica-te entregue por escrito aqui tudo aquilo que sinto e a maneira como tenho visto o nosso relacionamento e a tua pessoa em função de mim e do amor que sinto por ti. Fica comigo e vamos explorar juntos a vida e a nossa vida
 
 
~~~ Amo-te imenso, meu Mickachu! ~~~
 
~ Nuno Pinto, Quando o Coração Regenera, 02/02/2017 ~

Quando, numa tempestade, aprendes a dançar na chuva.

 
    Antes de mais devo dizer que este texto pode ser extenso e um resumo de vários acontecimentos. Talvez até chato para quem só está a fazer o esforço. Não te esforces a ler, só estás a queimar tempo comigo. Mas se estiveres a ler com interesse, quero que saibas que isso significa imenso para mim, que te importas, que queres saber e, por isso, dou-te os meus mais sinceros obrigados e um abraço virtual (e podes sempre mandar-me sms). :)
 
    O primeiro tópico que quero escrever será a última página de um capítulo em que escrevo há pouco mais de um ano, um capítulo há muito escrito sobre muitas lágrimas e suor. Hoje, 8 de Novembro, faz exatamente 1 ano que acabamos, um ano em que todas as fantasias para um futuro foram arrancadas de mim e colocadas a morrer numa jarra vazia, sem qualquer esperança ou carinho que alimentasse essas fantasias. Lembras-te do que sentias há 1 ano atrás? De quem amavas tanto para me dizeres que não podias continuar comigo? Eu sei que hoje não estás com essa pessoa, mas nunca deixei de torcer pela tua felicidade. Nunca deixei de te ver, à distância, e verificar se tudo seguia um rumo melhor que a minha vida porque sei que sofreste e merecias um pouco de amor e alegria na tua vida. Sei que te dei tudo isso, ainda que por pouco menos de 3 meses, mas hoje finalmente compreendi que era o nosso limite e estou satisfeito por te ter provocado sensações boas e momentos que podes relembrar. Recentemente, o vento também largou sussurros que tens andado mal por questões familiares e devo dizer que queria abraçar-te, poder chorar contigo e dizer que tudo vai melhorar, mas era óbvio demais que o mundo é injusto e não existe para sermos felizes, mas sim para sorrimos de alegria quando a vida mais aperta connosco nos piores momentos. Se algum dia calhares de ler isto, estas são as minhas últimas palavras para ti: sê forte, por mais que te custe. Sei que estás rodeado de amigos bons e que te adoram, que fariam tudo por ti e por te ver no topo. Eu não estou presente, não sou amigo, não te sou nada a não ser uma memória, mas pensa que vou torcer para que tudo dê certo para ti. Tu marcaste-me e agradeço-te por todos os desejos que cumprimos, todas as feridas que fizemos e todos os momentos que passamos. És um capítulo importante no meu livro, não serás esquecido nem ignorado: serás recordado.
 
    O peso de um amor há muito perdido está encerrado e tenciono entrar numa montanha russa, rumo a uma direção vertical ascendente. Agora é hora de falar do "Best Mega Super Squad" que tive o maior de prazer em conhecer graças aos esforços do Daniel para os reunir num fantástico aniversário de 18 anos da Raquel! De todas as pessoas que conheci este ano (e no anterior), dentro do Squad, vou destacar as que mais me marcaram pelos mais diversos motivos: Pedro, Hugo, João, Ana, Raquel, Mariana, Mafalda e Diogo. Quando estou na companhia deles não há momentos maus, não há passado, não há dor, só sorrisos, alegria, gargalhada e o presente. Não há pressas, há diálogos, há brincadeiras e uma amizade que não quero trocar por nada deste mundo! Eles, sem mesmo saberem, foram pontos de viragem no meu humor agressivamente depressivo, foram como chamas acesas prontas a derreter o gelo e incendiar um mundo apagado e escuro. Adorei todas as nossas saídas, juntos ou em "grupinhos" e quero destacar o dia do aniversário da Raquel, ambas as partes, piscina de Espinho e ida ao Porto à noite, as idas a Fânzeres, à casa do Pedro, mas em especial a festa de Halloween, o aniversário do Hugo com Paintball e muita diversão e comida (e o nosso entretenimento preferido: Verdade ou Consequência) e ainda a última saída a Espinho, jantar e saída com as recomendações do Diogo. A sério, adoro-vos e quero que estejam sempre presentes, todos ao mesmo tempo ou só algumas, mas definitivamente todos na minha vida. Vocês são os maiores! <3
 
    Há umas noites também fui sair com uns amigos e, como é costume, é sempre bom ambiente e muitas gargalhadas. Eu, como bom condutor e bom amigo que sou (cof cof), acabo sempre por levar algumas pessoas a casa. Nessa noite tive um diálogo com um amigo. Esse diálogo foi, no mínimo, intenso, honesto e sobretudo cheio de memórias e desabafos. Contei-lhe uma das minhas maiores dores e foi impossível não chorar. Ele parecia calmo, parecia ouvir, mas eu estava a conduzir e não podia olhar para ele. Mais tarde ele cedeu e contou-me um dos seus segredos mais preciosos, senão o mais precioso e, acreditem ou não, voltei a chorar. Talvez porque ele não estava a chorar, talvez porque me senti solidário ou talvez porque sou um coninhas de merda, mas chorei e tive vontade de o abraçar porque ele estava a sorrir, ele estava a enfrentar a situação há mais de um ano e tudo o que fazia era sorrir, era levantar a cabeça e fazer o melhor por ele e por todos. Ele irritou-me, não pela atitude, mas porque eu queria ser como ele, porque senti um pouco de inveja por não conseguir ser assim. De qualquer modo, sinto-me um pouco mais próximo dele e farei o que está ao meu alcance para retribuir pelo amigo fantástico que tem sido e vou tentar sempre animá-lo quando ele estiver perdido na penumbra do passado.
 
    Quero deixar este parágrafo dedicado a uma jovem que me tem preenchido o coração com conforto e a que posso, garantidamente, chamar melhor amiga! Ana, sobe ao palco! As luzes apontam para ti e a passadeira vermelha está no chão! Não me canso de relembrar como nos conhecemos, foi caricato e ainda hoje é uma piada privada nossa. Quero-te agradecer IMENSO por todas as vezes que me ouviste, que me deste a tua opinião sincera, pelos elogios, pelas piadas, pelas gargalhadas, pela partilha de confidências, partilha de textos, partilha de segredos. Enfim, é uma lista infindável daquilo que já fizemos um pelo outro, é uma lista sem um fim possível onde o futuro se resume a um símbolo de infinito bem redondinho e grande, repleto de possibilidades e promessas que dizem "vamos caminhar lado a lado, para sempre". Quero que saibas que tenciono continuar aqui para ti e espero contar contigo como tenho contado porque perder-te a meio do caminho é como saltar de um avião sem pára-quedas! (e eu não quero cair e virar queijo para a Mariana!) << Piada Privada >>
 
    O último tópico deste vasto texto é sobre um rapaz. Aquilo que era suposto ser uma "one night stand" ou "caso de uma noite" (foi de tarde mas que se lixe!) passou a ser um "caso de tempo inteiro". Conheci-o numa sexta, em Outubro, enquanto passeava pelo Porto. Conversamos um pouco pela net e fui até casa dele. Foram umas 2 horas bem passadas na companhia dele e acabamos por trocar número, uma vez que aproveitamos imenso a companhia mútua. Sábado acabei por estar com ele novamente! Agora mais tempo, mais íntimo. Houve mais diálogo, mais aproximação, houve troca de momentos de carinho e partilha de brincadeiras e mini segredos, houve uma ligação espiritual inesperada. A partir daí aproveitávamos todos os momentos juntos, íamos saindo, íamos conversando, íamos comendo pizza como dois hamsters obesos e ria-mos que nem dois malucos que sonham em escapar do manicómio! Acho que estou mesmo a gostar dele, aos bocados. Concordamos que, para já, nenhum de nós quer um relacionamento porque, não só é cedo, mas também é complicado devido ao facto de ele trabalhar em Lisboa e passar imenso tempo por lá. Gosto imenso dele e mesmo com esta forte sensação de saudades na ausência dele, devo dizer que não tenciono abrir mão de nada. Ele esforça-se tanto por mim e quero poder sempre retribuir, à minha maneira e como puder.
 
    O novo capítulo foi aberto e quero escrever nele, todos os dias! Espero que 2017 seja o ano ideal para este capítulo! Vou chama-lo "Viver não é esperar a tempestade passar e sim aprender a dançar na chuva!"
 
~ Nuno Pinto, Quando o Coração Regenera, 08/11/2016 ~

O Interminável Som de Arrependimento

 
    Como uma obsessão louca e fixa, tudo o que eu fazia era pensar e pensar. Pensamentos demasiado carregados de emoção e com pontos de interrogação espalhados onde o objetivo seria uma busca incansável e insensata por uma resposta escondida nos cruzamentos dos nossos sentimentos. Contudo, todos os caminhos e linhas de pensamentos que ía percorrendo, a correr e a rastejar, o fim era o mesmo, como se o destino e o karma quisessem que eu tivesse apenas um final: não existe nenhum significado para ele, tudo foi em vão e morreu comigo. Tudo não passou de um desperdício de tempo, dele, meu e de rotações da terra.
    
    Talvez, apenas com um pouco de esperança, talvez se eu tentasse esticar a minha mão e o meu coração um pouco mais adiante, ultrapassando as minhas próprias barreiras, quebrando qualquer lei absurda da física e da química, será que o teria alcançado?  Será que todo o meu suor e lágrimas teriam atingido o teu coração mais uma vez e provocado uma alteração deste destino cruel, desta peça de teatro sem final feliz? Mas não consegui, desejei reciprocidade e deixei-me cair pelo abismo que se ía abrindo entre nós, separando duas almas que antes estavam juntas. E tudo o que vejo agora é uma distância agora impossível de superar e um coração partido incapaz de cicatrizar. Tudo o que se ouve quando gripo são apenas vários e intermináveis sons dos meus arrependimentos, rebentando em ecos da minha própria voz, já miserável e podre.
    
    Sem qualquer tipo de razão ou consciência, pensei. A minha mente era imóvel e repousava sobre a constante mudança da verdade e realidade dos seres humanos. O porquê da mudança ser algo ora dolorosa ora agradável. Humanos são inquietos, criaturas desesperadas e malformadas, seres instáveis, decrépitos e gananciosos, porém desleixados e preguiçosos. São a contradição dentro da contradição e o milagre com défice da vida. Permiti-me mudar o tópico mental para o nosso passado, sim, o "nosso". Mas só vim aqui mais uma vez para olhar para trás, mesmo depois de percorrer este longo e denso caminho, onde as pedras nada mais são que blocos de pedras gigantes, tudo pelo quão mais anseio será sempre a tua voz e isso deixa-me triste porque a minha mente é muda e o meu coração é demasiado ruidoso e está em pânico. Eu gostava de poder ter sentido e respirado um pouco mais da tua presença, com todos os meus sentidos, mas esta sensação foi interrompida pela tua partida e tudo o que restou foi um toque perdido e um olhar focado a ver-te partir em direção oposta ao vento, rumo a uma penumbra desconhecida. Pergunto-me se algum dia vou ser capaz de ir ao encontro do teu inalterável e inconfundível calor e abraçá-lo junto ao meu peito incontáveis vezes...
    
    Se tudo vai acabar por apodrecer e desaparecer no nada, consequência do tempo que parece eterno mas é definitivo e omnipotente, guiando-nos para uma morte fria e escura, então eu apenas quero estar ao teu lado, mesmo que por pouco tempo, para te dar a mão e morrer sem medo, envolvido pelo sorriso que me faz querer viver todos os dias, onde o meu propósito seria de o ver para sempre. Mas, assim como nós, este desejo vai desaparecer sem deixar qualquer vestígio e todos os sonhos e promessas serão enterrados e abraçados pela terra esquecida do mundo.
 
    Continuamos separados por este vertiginoso abismo e aquilo que nada significava, destruiu-nos aos dois. Continuo a olhar para ti com esperança que um dia voltes, gritando cada vez mais alto. Mas tudo o que se ouve quando gripo são apenas vários e intermináveis sons dos meus arrependimentos.
 
 
~ Nuno Pinto, Quando o Coração se Parte, 17/10/2016 ~
~ Nuno Pinto, Quando o Coração se Parte, 09/10/2016 ~

Ambiguidade e Volatilidade de um Sentimento Universal

 
    Já pensaram como o sentimento "amor" é completamente volátil e ambíguo? Dou por mim muitas vezes a refletir se realmente amo alguém exatamente porque é muito dífícil entender o significado deste mistério. Cada pessoa ama de maneira diferente e, além disso, existe tantos tipos de amor, o familiar, o de amigos, o de animais, o da alma gémea (se é que este último existe). O pior é confundir tal sentimento com outros semelhantes ou derivantes como a amizade, o companheirismo, o afeto, a proximidade, o carinho e até mesmo a carência. É muito fácil dizer "eu amo-te" enquanto o entusiasmo daquela faísca queima, mas e depois? Bem, depois resta um "está tudo acabado" e cada um tem de seguir com a sua vida, friamente, unilateralmente, como se fosse perfeitamente normal magoar uma ou ambas as pessoas. Mas o ato mais cabrão a ponderar é aquele em que uma pessoa decide dizer "amo-te" porque é fixe, porque é bonito, porque acha que amor é uma competição, uma vitória, porque acha essa palavra é a melhor maneira de manipular alguém e mantê-la por perto, chegando até mesmo a dizer este voto de compromisso a várias pessoas. Não, tu não és fixe nem especial, és apenas alguém que merecia morrer com uma facada nos dentes, feito por uma colher em chamas
    P.S.: Odeio-te. :)
 
    Voltando ao assunto, amar e ser amado são um problema. Tenho estado rodeado de várias pessoas que me dão uma ideia geral de vários pontos de vista sobre toda esta burocracia sentimental. Há quem sofra há anos por uma única pessoa e não consiga apaixonar-se por mais ninguém, há quem viva bem durante o dia mas durante a noite tem recaídas devido a um ex namorado, há quem ame alguém (ou pense que sim) e tem receio de mostrar tais sentimentos, há quem namore e tenha sentimentos alheios por outra pessoa, há quem namore e esteja a ser traído e ainda há quem namore e seja incrivelmente e invejavelmente feliz. Existe de tudo no mundo em que vivemos e eu, como faço parte dele, também estou enquadrado aqui. Eu e o meu ex acabamos há quase um ano e desde então o meu coração desligou e apenas se liga com ele por perto. No meu caso, amor é uma merda.
 
    Já lá vai uns 3 meses desde a última vez que falamos cara a cara e tenho imensas saudades tuas, não digo amorosamente, aguento bem sem esse teu lado, mas sinto falta do nosso companheirismo, das nossas brincadeiras, das nossas conversas e saídas. Há coisas que não te posso dizer porque estamos a seguir dois caminhos distintos e diferentes, então vou escrever aqui algumas.
 
    No outro dia fui sair com um grupo novo de amigos, pessoal da minha idade, adultos, onde o convívio é diferente de pessoal nos seus 18's. A conversa correu vários tópicos desde trabalho, a viagens e até antigos namoros ou relações. Fiquei calado a ouvir e limitei-me a ir percorrendo as várias memórias que tive contigo em cerca de 3 meses. Enquanto conduzia decidi passar à frente da tua casa como faço imensas vezes, sempre na esperança de ter um vislumbre de ti, nem que seja por meros segundos. Estava a chover e o ambiente era depressivo, a música só ajudava o ambiente. Não te vi, então parei mais à frente e deixei-me recostar no banco. Não me quis conter, deixei as memórias correrem de forma selvagem pela minha mente, não uma de cada vez mas todas juntas, como uma rajada e, ao mesmo tempo, uma chapada. Lembras-te como começamos a falar? E da primeira vez que nos vimos? Lembras-te do nosso primeiro beijo? E de como começamos a namorar? Lembras-te das prendas que trocamos e da surpresa que te fiz no teu aniversário? Foram tantos os momentos, tantos os sorrisos, tantas as memórias, tantas as conversas até às 5h da manhã. Foste a minha maior perda, a minha maior dor, algo que nem todas as operações que fiz conseguem superar. Pior que isto tudo, foi perder-te duas vezes por erros meus, algo que não me vou conseguir perdoar tão cedo. Talvez nunca me perdoe, afinal estes pensamentos são como tatuagens na minha mente, constantemente em processo de cicatrização, a doer, mas sem qualquer sinais de melhoria ou evolução rumo a uma cura. Isto atormenta-me, assombra-me diariamente e pode acontecer em qualquer altura, seja ler o teu nome, seja algo que ative o meu lado cognitivo da memória, algo que já fizemos, dissemos ou vimos, pode ser por causa de pessoas ligadas a ti ou até mesmo letras de músicas que considero a descrição exata do que se passou ou do que tenho sentido.
 
    Estou a escrever este texto há, talvez, uma semana. Foram imensas vezes as que apaguei e reescrevi algo porque tive medo de o escrever, medo de o sentir. Parei porque me sentia emocionalmente exausto, parei porque começava a chorar, parei porque tinha de parar. Isto é um alívio e uma chicotada do passado, é algo que custa relembrar e que decididamente queria poder ultrapassar. Mas olhando para ti, mesmo sabendo que não pareces nada de especial, não és um deus grego e muito menos o Bill Gates, mas és mesmo perfeito assim. Adoro o teu humor, o teu sorriso é fantástico (lembras-te de quantas vezes te disse isto quando namorávamos? Ainda continua a ser a coisa que mais adoro em ti, esse sorriso súper aconchegante, que sempre abraçou a minha alma como uma manta de algodão.), adoro a tua expressão de estar sempre a brincar e animado, mesmo quando, bem lá no fundo, estás magoado e a sofrer. És um herói e gosto de ti. Talvez seja mesmo fácil dizer "amo-te" porque és tu e porque é o mais sincero que consigo ser contigo.
 
    Quero muito saber como estás, como te tens sentido, se as coisas andam bem com a família, com os amigos e tudo o resto. Quero que saibas que me continuo a importar e se for preciso, estou aqui para ti.
 
    Continuo à tua espera, hoje e sempre.
 
~ Nuno Pinto, Quando o Coração se Parte, 09/10/2016 ~

Infantilidade Emocional 

 
    Não faz muito tempo que cá vim e parece que estou de volta. Talvez este não seja um texto tão grande como os outros, talvez seja apenas um gritar de palavras escritas que me está a ocorrer agora, como um desabafo para o ar, para que seja engolido pela web e desapareça na nuvem de bytes. Ainda assim, tenho de escrever como me sinto, como o meu lado emocional é infantil e oscila de extremo em extremo.
 
    Ontem, depois de uma reflexão agressiva sobre o meu ex namorado decidi que ele não merecia a minha atenção, concluí então que estávamos bem assim, separados, mudos, estranhos e pensei que não teria de me magoar com a ideia de me aproximar outra vez. Então comecei a escrever aqui um texto de superação, como se todo eu fosse força, todo eu fosse o caminho rumo à luz que procuro à meses. Estive a escrever como desde sexta-feira, 19 de Agosto, até ontem os dias tinham sido espetaculares. Estive com o Hélder e o Beki, conheci o Diogo e o Jorge (que, by the way, são rapazes loucos mas super divertidos), fui a Gondomar a casa do Pedro, onde já estava lá o Hugo, onde aproveitamos os três uma piscina com água retirada diretamente do Árctico e falamos de imensas cenas, pude ajudar o Tiago num momento difícil, parabenizei o Nelson e o Pedro pelos seus 18 anos e o jantar com o grupo do Pedro foi simplesmente TOP (desculpa, Hugo, não te chateies comigo ahahah). Considero-me mais próximo de algumas pessoas em especial, a Raquel, o Pedro, a Ana, o João, o Hugo e a Mafalda (sabiam que quando a Mafalda não conseguia andar mais em saltos altos, cujo número era o 36, eu dei-lhe as minhas sapatilhas, de número 43, e andei descalço pelo Porto? Adoro-te, Mafalda! ♥♥ ahahah). As conversas com o Beki, o Diogo, o Jorge, o António a Inês e a Marú também foram qualquer coisa de engraçado e até ficou quase combinado o Beki, o Jorge e o Diogo virem cá dormir de dia 3  para 4 de Setembro (não pode faltar a vodka!). Mas depois de longos dias de sol, também vêm os dias de chuva para provar que a vida não são só dias de Verão ensolarados...
 
    Estava eu ontem à noite, já depois de voltar do meu tratamento de hemodiálise, em videochamada com o pessoal do grupo do Beki quando recebo uma notificação de mensagem do twitter. Estranhando ouvir uma notificação, olhei de relance para o canto inferior direito do meu portátil para averiguar as horas. Eram umas meras duas horas e 45 minutos da manhã! A Ana já tinha ido dormir e o Vilela já não manda mensagens pelo twitter. Enquanto pegava no meu telemóvel tive uma ligeira esperança que fosse ele, o mesmo rapaz que jurei não querer aproximar-me nunca mais. Karma ou destino, era ele, ERA ELE! Com o telemóvel ainda bloqueado, estava ali a notificação de uma parcela da mensagem dele, numa tarja branca no meio do ecrã, bem por baixo das horas e por cima dos números de desbloqueio onde, ao introduzir o código correto, me vai levar a ter acesso à mensagem completa. Estremeci, senti-me a suar a frio, porquê agora? O que queria? Prometi baixinho para o meu interior um "Está tudo bem, vou manter a promessa de seguir com a minha vida.", tudo em prol de um autocontrolo destinado a descarrilar. Devagar, desbloqueei o telemóvel e carreguei no pequeno ícone que se encontrava no topo do ecrã, com o meu dedo visivelmente trémulo. Estou aterrorizado... Li devagar. Primeiro uma, depois duas e até três vezes. Ele leu o meu blog, queria esclarecer de algumas partes. Estava magoado, estava desiludido, estava desapontado, estava longe de mim e frio, estava a colocar os pontos finais. Foi honesto comigo. Concordei com o que disse, assumi a culpa de não ter resultado porque afinal fui eu que me deixei levar, mais uma vez, por ele, por todo o seu ele. Na onda da honestidade, decidi que podia ser mútuo e assumi que mesmo depois destas cagadas todas que ocorreram entre ambos, eu tentei sempre saber como é que ele andava, preocupei-me com ele à distância, mesmo sem poder ajudar ou dizer-lhe algumas palavras acolhedores, embora sempre soubesse que seriam palavras em vão. Aconselhei que talvez fosse melhor ficarmos assim, como dois estranhos conhecidos e esquecidos com o tempo, como um ex que não passa de uma memória criada no passado e refletida no presente e, consequentemente, no futuro. Disse isto, mortalmente a desejar que não acabasse assim, apenas com o objetivo de me manter forte, de não me magoar, de não o desiludir. Mas ele respondeu. Não estava à espera daquilo que li. "Eu também tenho visto tudo o que fazes, como tens estado.". Senti parte de mim desmoronar-se, a fazer ruir à minha volta tudo aquilo que achava ser correto, que achava que era o melhor. Na verdade, depois de ler aquilo só queria ter mandado um "Ainda pensas em mim?" ou "Porquê? Ainda te importas comigo?". No fundo, bem no fundo, sei que as respostas a essas perguntas seriam positivas, mas ele está magoado, eu estou magoado, e duas pessoas magoadas não costumam funcionar bem, especialmente quando a dor foi provocada mutuamente por imensos motivos. Vou aguentar, vou sobreviver, vou manter-me firme com aquilo que disse porque não quero parecer fraco, não me quero voltar a apaixonar por ele mais do que aquilo que já estou. Dói-me, dói-me tanto, foda-se! Porque tem sempre de acabar assim? A pessoa que mais amo e desejo é aquele que nunca mais poderei ter. E ando nisto à mais de um ano, um ciclo vicioso em que sempre que entro em contacto com ele, entro num jogo perigoso de emoções descontroladas e imaturas, coisas tão selvagens de controlar que deviam de estar num zoo e não no meu coração.
 
    Eu despedi-me com um "porta-te" casual, frio, magoado e ele com um "bye" seco, digno de ser entregue a alguém que o magoou
 
    Foi a última vez que falamos... Talvez para sempre.
 
~ Nuno Pinto, Quando o Coração se Parte, 25/08/2016 ~

Hemostase De Um Passado Mal Absorvido

 
    Estou perplexo, completamente em êxtase sentimental, sem nem ao menos imaginar por onde começar. Talvez voltemos ao passado, onde talvez tudo teve o feixe de luz inicial, o big bang do meu pico intenso de amor por ele. O inicio da nossa aventura terá sido antes de 14 de Agosto, mas a oficialização deu-se nesse dia, o dia em que desejei que um simples minuto fosse o nosso "para sempre". Acho que foi, de longe, dos melhores verões que já vivi. A tua presença brilhava ainda mais que o sol quente que aquecia o nosso planeta e, acompanhando esse brilho, estava o que sentia por ti, em pé de igualdade, com uma intensidade que desconhecia a existência. Era um paradoxo: eu sentia mas jurava que não existia, era um amor inexistentemente forte, um fantasma que prometia assombrar o meu coração, ligado em potência máxima, dentro dos limites humanos. Em novembro, exatamente no dia 8, o minute ao qual associei o nosso "para sempre" quebrou, os ponteiros ficaram presos, impedidos de rodar, de mover em frente, tudo graças a uma palavra: acabou. Se pudesse associar uma cor e número à dor que senti nesse dia e nos dias posteriores, seria um 10 preto, excruciante, sufocante, um mar ilusório de pânico escuro, uma sensação que prometia não me abandonar, sussurrando infindáveis "devias morrer" aos meus ouvidos e, aos poucos, ia morrendo, ia desistindo, ia arrastando a minha existência, agora sem sentido, por uma vida onde mais nada podia fazer sentido, não sem ti. Perdemos contato porque fiquei obcecado por ti, um erro que me custou ainda mais. Foram longos 8/9 meses em que seguia a passo incerto e quase inerte, sem saber se seguia em frente ou caía para trás. Conheci outro rapaz, fantástico, por sinal, e embora fosse jovem, parecia maduro, com as suas brincadeiras infantis para embalar uma personalidade fantástica. Deixei-me cair no embalo de um sentimento ao qual não tinha expectativas nenhumas, o que me levou numa busca pela intensidade anteriormente atingida. Na realidade, só me levou, talvez, e entrar num relacionamento à pressa, sem nem ao menos absorver e aceitar o meu passado com o outro rapaz e, consequentemente, estive sempre de pé atrás, sempre pronto para o fim desde o primeiro dia, como se fosse um "THE END" pré determinado. Então, como uma previsão acertada e sabida, foram 9 dias de relacionamento. Terminou porque, afinal, ele não me amava. Escusado será dizer que também nada voltou a ser igual, a nossa amizade simplesmente estava abalada, provocada por um relacionamento falhado e fútil. Não o culpo, eu é que fraquejei e meti-me onde nem devia, para começar, mas estava carente, estava a precisar de um rumo, de um motivo, e forcei isso nele. Desculpa.
 
    Saltando mais um pouco entre dias e linhas temporais, também me voltei a dar com o outro rapaz, o responsável pelo meu passado tão incerto e enevoado como o desaparecimento de D. Sebastião. Era notável o meu conforto e o meu medo quando estava perto dele, não podia simplesmente perdê-lo novamente e, mesmo assim, dei-me ao luxo de relaxar demais e cometer erros. Fiquei mesmo feliz quando ele me disse que se preocupava comigo, era como um novo raio de luz a banhar a minha ultrajante e decomposta existência. Mas a minha preocupação em excesso e a vontade de querer ser sempre útil para ele levou-o a tornar-se em alguém com um ego grande, com o poder necessário para acabar com uma vida, a minha vida. Acusou-me de o perseguir, acusou-me de lhe querer tirar os amigos, fazendo os mesmo virarem-se contra ele, coisas que era incapaz de fazer e nunca o fiz. E foi assim que o voltei a perder, pela segunda vez. Oh, dor, tive saudades tuas, da tua exigência em ser sentida e abraçada. Assim, deixei-me possuir mais uma vez por aquele 10 preto e vi os pedaços a ruir à minha volta. A culpa não era minha, não podia ser minha, mas senti sempre que cabia a mim tentar resolver as coisas. A minha tentativa foi em vão, ignorada e perdida no vácuo de uma mensagem de texto onde restava a certeza que jamais seria respondida ou sequer considerada. 
 
    Hoje, se tudo tivesse resultado como tínhamos planeado num desabafo íntimo de duas almas em sintonia, estaríamos a fazer um ano de namoro. "Parabéns, docinho, é um aninho repleto de memórias fantásticas ao teu lado! Que venha mais anos assim para te poder amar eternamente!" e eis uma frase que nunca será dita, nunca mais. Vou-me resumir ao meu sofrimento silêncioso, por agora, e fazer o meu luto emocional. 
 
    Odeio-te por me fazeres sentir isto e odeio-me por gostar de ti.
 
~ Nuno Pinto, Quando o Coração se Parte, 14/08/2016 ~

Uma Mente Exausta é uma Chama Ténue Prestes a Apagar

 
    Alguma vez pensaram como uma simples palavra consegue abrir um coração por completo? Como uma chave-mestra prestes a rodar, lentamente, numa fechadura rústica qualquer. O click é audível mas estamos tão habituados que não nos apercebemos porque quando nos apaixonamos é exatamente igual a quando caímos no sono: primeiro devagar e depois tudo de um vez só. Nesse momento, o nosso coração está totalmente exposto, aberto, entregue. Esse é a minha maior fraqueza.
    
    Sou emocionalmente fraco, tenho ausência de amor próprio. Uma pessoa assim não sobrevive, não é feliz, não merece nada. Ter alguém que nos ame, que nos valorize, que nos faça bem é uma dádiva e uma maldição. Por um lado, é a incarnação da felicidade interna que nunca esteve presente, é o bem estar desejado, é o amor à muito procurado. Porém, a pessoa, que antigamente nos amava, pode partir e leva tudo o que é importante e essencial para nós. O coração que foi aberto pela pessoa, préviamente preenchido com carinho, atenção, amor e promessas, está agora vazio e a morrer. A chama que antes ardia tão vivamente e de forma livre, está agora a extinguir-se e com ela, a minha mente perde o rumo.
 
    Estas semanas têm sido uma rajada de chapadas emocionais ao qual não preferi falar até estar no meu limite. Cá estou eu, a confrontar os mesmos pensamentos que me causaram tantas mudanças de espírito. Acho que vou começar a apresentar as pessoas, não pelos nomes próprios, isso seria um atentado à privacidade, mas vou representar estas pessoas por números. As pessoas envolventes são, então: 1, 2, 4, 8, 13, 20 e 22
 
    Conheci 1 e 22 e comecei a sentir-me extremamente bem. Eram sorrisos e gargalhadas genuínas, fruto de todo aquele bom ambiente e companheirismo. Mas deixem que vos diga, não durou muito. Apaixonar-me é sempre um problema: sempre pela pessoa errada, embora nunca perceba isso inicialmente porque, afinal, tudo é bonito e parece perfeito no inicio. Apaixonar-me por 22 era inevitável, tinha tudo para correr bem, exceto que não correu. Eu era a peça extra do puzzle e nem devia de estar ali mas aproximei-me e 22 retribuiu. Foi fantástico mas durou pouco, 10 dias para ser exato. Felicidade temporária, onde pensei que seria desta, que era sortudo, que era aquilo que era correto acontecer. No fundo, não fui suficiente. Ainda penso em 22. Desisti
    Com 1 tornamos-nos ótimos amigos, senão fantásticos. Falamos diariamente e sinto que existe confiança, existe cumplicidade e ambos aproveitamos bem a companhia um do outro. Sei que 1 continua com um estado de espírito instável e magoado, mas estou aqui para servir de apoio. Estou aqui para ti, 1, tu sabes que sim! :)
 
    Após um longo período de tempo, 4 reapareceu, após alguns desacatos, provocados pela minha parte. As memórias voltaram e prometem ficar, mas não é isso que me incomoda. O amor, para mim, é como uma vela acesa, iluminando a minha vida. Essa vela tem duas possibilidades: ou arde por completo e a chama do amor apaga-se ou a chama apaga-se mas a vela continua dentro do coração. Uma vela pode voltar a reacender se a faísca chegar ao rastilho, basta o estímulo certo. É disso que tenho medo, que a vela reacenda. Não pode acontecer, não agora que eu e 4 nos estamos a dar bem. Não preciso de uma vela acesa, preciso de um icebergue no coração... 
 
    Também 2 tem andado mal. O namorado foi estúpido e virou as costas. Achei horrível e 2 não merecia isso, mas eu estou aqui para servir de apoio, mesmo estando completamente alterado. Sou amigo de 2 e nunca vou sair do seu lado! Pude finalmente estar com 2 no São João e senti-me mesmo feliz! Quero continuar presente, sempre!
 
    O São João, embora cheio de discussões e desentendimentos, foi bastante razoável e até me diverti. Ainda assim, não pude deixar de sentir na divisão entre grupos que ocorreu, isso podia ser evitado mas as discussões só nos afastavam mais e mais. Tive dores horríveis no braço esquerdo devido ao excesso de esforço. Devia ter parado, mas não me quis sentir um estorvo, não quis interferir novamente na noite deles, eles não mereciam isso. Já tinha esperado por 13 e isso causou algum atrito entre nós, impaciência e mesmo troca de insultos. Seguimos todos então para o Piolho, onde eu, ora andava muito atrás ou muito à frente. Preferia estar sozinho, preferia estar sossegado, preferia estar. Viemos depois embora, eu, 4, 13 e 22. Senti-me bem porque 4 confiou em mim alguns segredos, isso deu-me uma boa sensação de camaradagem e não sei como agradecer a confiança que 4 está a depositar em mim. 13 e 22 pareciam bem próximos e o meu consciente parecia não se importar. Não me dizia respeito, nem queria saber. Cheguei a casa era quase 6h30 da manhã e estava exausto.
 
    Estive com crises de pânico e choro muito intensas depois do São João, fruto da minha Prova de Aptidão Profissional. Sentia-me inútil, incapaz de resolver seja o que for e parecia que cada linha de código que escrevia, só piorava a essência de todo o trabalho, gerando primeiro um erro e depois uma inundação deles. No meio deste sofrimento todo, 1, 2 e 20 apoiaram-me imenso. A companhia e as palavras deles foram fantásticas e ajudaram-me a acalmar. Agradeço a esses dois por me terem dado o vosso ombro quando precisei, acho que se não me apoiassem nesses momentos, eu cometia alguma loucura.
 
    Estive depois com 8, que já não via à, talvez, um mês ou até mais. Foi muito nostálgico! A minha amizade com 8 estava intacta e parecíamos falar de tudo e mais alguma coisa, como fazíamos antes de aquela situação estranha acontecer. Por sorte, superamos isso e estávamos de volta à corrida. Rimos mesmo muito, digo até que o ar dos meus pulmões não chegava para expelir tantas gargalhadas em simultâneo. Prometo que vou voltar para mais, e vamos sair para beber uns copitos! :D 
 
    Após tantos acontecimentos, os efeitos a longo prazo começaram a ter o seu devido efeito. Comecei a sentir a mesma ansiedade, a dor no peito, as saudades, a sensação de culpa e inutilidade, a sensação que eu não mereço nada nem ninguém. Comecei a privar-me de felicidade, dando espaço para as lágrimas se instalarem e consumirem o pouco tempo livre que tinha. Estava arrasado, completamente perdido, num estado de transe dormente da alma onde nem a música parecia me conseguir salvar. Talvez seja esse o fundo do poço, o lugar que sempre tomei como uma zona de conforto, uma zona ao qual estou habituado a estar.
 
    Neste momento estou a deixar-me ir na corrente porque estou sem forças, mas talvez em Julho consiga nadar contra a corrente, talvez. 
    
    Só o tempo o dirá.
 
~ Nuno Pinto, Quando o Coração se Parte, 30/06/2016 ~

Boneco Humanóide 

 
    Sentado naquele antigo baloiço, movendo-me lentamente para a frente e para trás, sem qualquer vontade de levantar os pés, olhava seriamente para cada gota de água que caía sob forma de chuva, vinda de um céu amargo e cinzento deprimente. O meu olhar é como um conector, conectando uma estranha força interna, acumulada por vários eventos do passado, uns longínquos, outros que pareciam de horas atrás, força essa vinda diretamente do meu coração quente, com um bater irregular e afetado, proveniente das memórias e do bombear normal do sangue para que o meu corpo semi-vivo não morra.
    
    O meu coração está demasiado quente, a dor no meu peito é como uma rajada de lava a percorrer o seu interior. De nada me adianta apertar o peito se esta dor física é provocada psicologicamente. A temperatura é demasiado alta, demasiado ardente, e sinto que a qualquer momento vou derreter e desaparecer. Que dor, a dor que agora parece afetar todo o meu sistema nervoso, é excruciante. O baloiço está agora parado e a chuva já não caía sobre mim, as lágrimas, agora já não ocultas pela ausência da chuva, correm livremente e sem piedade pela cara abaixo, em sinal de liberdade e protesto por terem sido anteriormente abafadas. No exato momento em que ia gritar, ouço um assobio, ténue, mas notável. É inevitável não levantar a cabeça e sondar o local. Mais à frente, encostado a um poste de luz, estava um pequeno boneco de pano, molhado, velho, gasto mas sem nenhum rasgão e ainda com um único olho preto feito de botão. Tinha uma boca vermelho arrosado costurada em formato de linha reta, não expressando qualquer sentimento ou emoção, um nariz em forma de uma cruz pequena e preta e tinha, no peito, um pequeno círculo preto, também costurado com precisão. Parecia encarar-me e não consegui desviar o olhar do pequeno e solitário botão preto que estava costurado àquilo que seria a sua cara. O boneco mexeu a cabeça sútilmente para a sua esquerda e um sussuro saiu para a atmosfera:
 
- " Odeias o teu Eu? Vem, corre, e vive neste mundo repleto de melancolia. Vem, morre diariamente, pouco a pouco, até que tudo termine tragédia. "
 
    Estaquei. Perdi o meu ser com aquela pergunta. Senti-me com medo, porém tentado. Pensei em fugir e pensei em aceitar. Era uma explosão de contraversias emocionais que abalavam até a partícula mais pequena da minha alma. Talvez fosse imaginação minha, mas vi um holograma de uma porta, bem ao lado do pequeno boneco-de-um-olho-só. Não era uma miragem, era uma chance para mudar, uma mentira encoberta de uma mudança prometida. Fechei os olhos e sem sequer hesitar, corri. Atravessei a miragem e entrei num mundo completamente estranho: era tudo branco e continha somente uma estrada. A sala parecia infinita e era impossível ver o princípio e o fim da estrada, mas uma vez ou outra passavam viajantes. Era confuso e ao mesmo tempo tranquilizantemente calmo. No fundo, fui apenas manipulado para saltar para este mundo mas não me importo.
 
    Um casal vinha de mãos dadas pela estrada fora, os passos eram uníssonos, criando um eco anormal de ruído no meu subconsciente. Os sorrisos e os gestos corporais de ambos eram complementares, ele falava e ela adorava ouvir e rir, isto trazia memórias doces e amargas do meu passado no mundo em que eu existi. Os seres humanos, sim, ainda sentem aquilo que é chamado de amor. Em ambos os mundos, não existe ninguém que não tenha sido concedido o direito a amar, nos mundos em que é possível amar e ser amado. Um outro viajante, sem rumo, caminha arrastando os pés descalços e calejados de uma viagem sem fim e inequívoca. Era um homem pálido e tinha um buraco no peito, do lado do coração. Não teria ele um coração? Isso explica a palidez. Mas como sentirá ele o amor? Outro homem correu na sua direção e colocou aquilo que parecia uma mistura de parasita e coração no buraco do peito do outro viajante. Ambos estacaram, pareciam perplexos e confusos. Mas algo mágico aconteceu, como uma descarga de flashes azuis esbranquiçados que estalam no céu, ambos, com um sorriso honesto e verdadeiro, deram as mãos e seguiram caminho pela estrada infinita da vida. Amor é, então, como um parasita que alguém no pode dar, que se apodera de nós e nos consome pouco a pouco. Humanos são fontes de alimentação, loucos, movendo-se com amor como combustível. Os seres humanos, sim, ainda chamam isso de vida. Acreditem, não existe ninguém que chore lágrimas de angústia num mundo onde se protege e se tiram vidas. Este mundo é curioso, será que isto tudo existe no outro mundo?
 
    Um traço de milagre acontece no céu, faíscando algo preto como uma ruptura no branco do mundo misterioso. O branco desapareceu e fiquei mergulhado na penumbra de uma sobra. Ao abrir os olhos percebo que voltei ao mundo, ao meu mundo, ao verdadeiro mundo de melancolia onde eu era ninguém, somente a minha tristeza. As engrenagens enferrujadas do meu coração voltam a bater, uma e outra vez, reclamando o tempo que perderam paradas. Aquele mundo é exatamente o que precisamos aqui, num mundo onde a chuva prevalece sobre o sol. Um traço de batimentos cardíacos vívidos floresce numa poça de água no chão. Não são os meus, os meus são calmos e lentos, ainda a desenvolver. O boneco continuava imóvel, junto ao seu poste de luz mas algo estava diferente. A boca, que antes era uma linha reta vermelho arrosado, era agora uma linha côncava voltada para cima em forma de sorriso. O batimento ecoava pelo chão, era o dele, de um boneco humanóide que me mostrou o erro deste mundo. Um outro sussurro foi lançado pelas vibrações do ar:
 
- Conecta-te. Sê o sol que este mundo precisa, sê a tua própria felicidade e o mundo irá florir.
 
~ Nuno Pinto, Quando o Coração Cria uma História, 15/05/2016 ~

Agitação Espectro-Emocional

 
Costumava pensar que era somente mais um. Achava mesmo que era um tipo qualquer, com apenas mais uma vida a pesar na Terra. Mas também gosto de sonhar que tudo tem o seu significado, eu apenas não encontrei o meu. Na verdade, já pensei ter encontrado a minha razão de estar vivo uma vez ou outra, mas no fim acaba sempre numa crise existencial intensa. Estava perdido, magoado, acabado e a desejar que tudo aquilo apenas cessasse. Nas últimas semanas tenho andado num zig-zag emocional constante. Estou confuso, esperançoso, desapontado, animado, deprimido, tudo de uma vez e ao mesmo tempo não estou. Talvez seja mesmo bipolar, como me dizem, ou talvez seja apenas um adulto com um coração de adolescente prestes a romper. Quem sabe? Eu não.
 
Conheci este rapaz. Um rapaz jovem, no seu auge de finalmente ser maior de idade. Escusado será dizer que me apeguei a ele mesmo quando jurei que não me ia aproximar de mais ninguém. Não depois do que aconteceu com o meu ex, à quase 8 meses atrás. Mas foi inevitável. O à-vontade dele, as brincadeiras, o sorriso, as conversas... Tudo era tão interessante! Como as ondas seguem pelo rio fora, também eu segui as ondas até desenvolver aquela ligação. Passamos dias mesmo espetaculares: idas ao shopping, a casa dele, a minha casa, conheci a mãe dele (que, a propósito, é uma senhora fantástica, simpática e muito lutadora!), fomos à praia. Enfim, fizemos uma data de cenas e falamos de tudo e mais alguma coisa. Ele parece não se incomodar com nada mas há aqui um problema... Ele é hetero e eu não. Fuck my life! Mas não me vou aproximar demais... Espero eu.
 
A última vez que estive com ele, bem no fim, estávamos no carro a conversar, virados um para o outro. Numa fração de segundos, eu ia-me inclinar e beija-lo, sem entender bem o porquê dos meus movimentos, como se naquele momento todo o meu corpo estivesse desligado do cérebro e não me obedecesse. Mas após me mover uns centímetros, estaquei. Um pequeno flash surgiu pelas minhas memórias de que tudo começou com um simples beijo com o meu ex, que, por acaso, também era hetero quando o beijei. Hesitei, recuei e esfreguei a cara, sempre a conter a vontade de chorar porque, no final de contas, temi estar a entrar num ciclo sem volta, pronto para representar o meu papel de eterno masoquista e foder-me novamente enquanto o vejo a afastar da minha vida, tal como aconteceu entre mim e o meu ex. Não, não posso, não posso, não posso. Eu quero mas não posso! Sorri, levei-o a um sítio perto de casa e conduzi de volta para casa. Estava frustrado, confuso, incompleto, triste e acima de tudo perplexo porque, por mais que não quisesse, estava a comparar o meu ex com ele e estava a morrer aos poucos.
 
Não houve muito desenvolvimento depois disso. Temos as nossas ocupações e eu sinto a ausência dele, mas não me vou queixar. Tenho de viver sozinho, tenho de suprimir o meu lado emocional mais uma vez. Ele continua fixe e eu continuo na boa, pelo menos, tento. Mas quero estar com ele, quero que ele queira estar comigo. Ontem saí com o Tiago e fomos ver a Serenata dos universitários ao Porto. Infelizmente, os meus sinais de antropofobia começaram a tilintar e o desconforto era incrivelmente alto. O Tiago aconselhou-me a beber alguma cena e marchei para uma vodka preta com 7up, fresquinha, doce, mesmo no ponto. Comecei a sentir o meu corpo a relaxar e tudo começou a parecer divertido e engraçado, ao ponto que rir era o meu estado de espírito normal. Não querendo ficar por aí, ainda bebi mais um safari cola e a cena ficou completamente louca. Estava realmente a divertir-me e as minhas pernas pareciam feitas de borracha mole! Cheguei a casa às 2 horas da manhã na maior das calmas possíveis, bebi chá fresco que tinha no frigorífico, tentando abafar o princípio da ressaca e fui-me deitar. Num impulso novamente irracional, mandei uma sms ao moço a revelar alguns dos meus desejos em beija-lo. Foi, no mínimo, degradante e censuro-me por isso. Mas ele levou na boa e seguimos em frente. A sério, continuo a querer beijá-lo! Ahahah
 
Mudando de assunto, outra pessoa que se tem dado super bem comigo é o Alex. Desde que ele me confiou um segredo só dele, tenho sido o seu suporte e pilar que o sustenta. Quero poder ajuda-lo quando está em baixo, mas ele tem de se encontrar a si mesmo como ser humano, como pessoa. Tudo depende do caminho que quiser seguir, mas eu vou estar cá com uma mão do ombro dele, sempre a dar-lhe apoio e a olhar por ele, como um amigo faria. Ele vai chegar lá, eu sei que sim! You better not give up, bitch!
 
Quanto à minha saúde, pouca coisa mudou. Agora faço o tratamento por agulhas. Tenho 6 pequenos buracos marcados no meu braço esquerdo, 3 de entrada e 3 de saída, um para cada dia em que faço o tratamento, sendo às segundas, quartas e sextas. Não é muito doloroso, eu aguento bem a dor de espetar o braço, mas é realmente aborrecido ficar quase 5 horas sem poder mexer o braço. Pelo lado bom, dia 9 de Maio, devo ir tirar o catéter que tenho no pescoço. Dizem ser um procedimento fácil e pouco doloroso mas, como é óbvio, eu tenho medo. Mas depois vou finalmente poder tomar banho à vontade sem ter de fazer aquelas acrobacias ninja e vou poder fazer praia e piscina, finalmente. Mal posso esperar!
 
Mais cedo ou mais tarde devo voltar cá, espero que por um motivo bom. E mesmo que seja mau, vou escrevê-lo na mesma para que os meus demónios o possam ler em vez de somente me atormentarem a alma.
 
~ Nuno Pinto, Quando o Coração se Parte, 01/05/2016 ~

Como Consegues Dormir à Noite?

 
Durante a noite, como é que consegues afundar-te num sono profundo? Olhando para o presente, pensando no passado, será que aquelas feridas realmente se curaram? Se as pressionares, ainda te dói alguma coisa? Só porque te sentes realmente sozinho e desolado não quer te dizer que te podes forçar a amar alguém, que te podes forçar a sorrir para manter as aparências, que possas sofrer internamente ao ponto de morreres aos poucos. 
 
" Por favor, ajudem-me! " - ecoa o seu pobre coração.
 
Mesmo que tentes pôr um fim àquilo que julgas ser a tua miserável vida, mesmo sem saberes como é bom sonhar, mesmo que sintas que apenas és sufocado pelas tuas próprias lágrimas, mesmo que tudo o que vês e sentes são pequenas agulhas perfurarem o teu ser, a tua alma, o teu coração, não estarás apenas a evitar o amanhã? Agora que queres finalmente morrer, já prendeste a tua respiração? Porque mesmo que digas que tu está mau, a descambar, a apodrecer à tua volta e tudo está difícil, tu não te dás ao trabalho de mudar, de fazer alguma coisa que possa acabar com toda a dor que te envolve. 
 
Sabes o que é engraçado? Até as pessoas valentes são selvagens e assustados, até as pequenas ovelhas têm medo e vivem despreocupados, mas ambos vivem a fazer desvios, a mudar o futuro com força de vontade, a alterar linhas de tempo e espaço para que o destino seja traçado pela sua vontade própria. Levanta-te! Agora caminha: um pé, depois outro e quando conseguires fazer isso, corre, abre as asas e voa! Voa, rumo à tua feliciade, com as tuas prórpias asas, com as asas que os teus amigos te deram para voar com todo aquele apoio e amor que só eles te podem dar!
 
" Obrigado! " - sorri ele, falsamente, pois as asas que o iam levar ao futuro feliz partiram novamente ao relembrar todo aquele passado doloroso.
 
Para que não possas atrair qualquer tipo de atenção, ficando invisível, para que possas ficar invulnerável, para que consigas suportar novamente todo o mal que tens no coração que te tinge a alma de algo negro quanto uma tempestade nos trópicos, para que essa tua linha de pensamentos lógicos e racionais não parem ainda, esta noite vais fugir, correr enquanto os teus olhos derretem em lágrimas carregadas do ódio pessoal que sentes por ti, vais fugir e correr como se tudo fosse uma mentira, uma realidade alternativa e falsa, onde por entre os dentes e a respiração ofegante gritas quase sem som "Por favor... alguém... segura a minha mão!". Mas na verdade, mais nada importa. Não importa que o amanhã desconhecido nunca chegue porque o que realmente queres agora é dormir, onde nada se ouve, nada se sente, nada se lembra e tudo se sonha.
 
Num sonho antes vivido, consegues ouvir quando te chamo? Consegues-me ajudar a andar quando estou no chão? Porque mesmo que eu esteja fraco, abatido e de coração a estalar, irei sempre esforçar-me para parecer forte... Não! Não desta vez! Vamos fazer os nossos corações barer forte! Vamos aumentar o volume das nossas vozes, como se dissessemos aos mundo que estamos a falar a sério e que vamos lutar até ao fim! Para que não paremos a meio do caminho, para que não hesitemos, para que continuemos a sonhar alto, para que ainda consigamos não deitar a nossa vida fora!
 
Agora, não quero saber se o amanhã insignificante não chegar, por entre lágrimas frustradas, juntando as mãos e esticando as pernas, eu vou correr e sobreviver. 
 
Estou vivo e ganhei a luta.
 
 ~ Nuno Pinto, Quando o Coração se Parte, 13/03/2016 ~ 

O Mundo dá Voltas

 
    Para muitos, hoje, é dia 14 de Fevereiro, Dia dos Namorados. Para mim é uma data que me pesa mais. Se o meu mundo não tivesse desmoronado no dia 8 de Novembro, hoje fariamos 6 meses. Isso mesmo, seria meio ano de companheirismo, sorrisos, momentos, lembranças e sobretudo seriam 6 meses em que ia dedicar todo o meu amor em ti, todo o meu ser seria um espelho onde te queria ver sorrir quando estivesses mais em baixo. Amei-te de uma forma inexplicável, foi pouco mas tão intenso que me faz arrepiar cada vez que visualizo na minha mente o teu sorriso ou quando arfavas o ar dos teus pulmões após cada beijo. Tu, sim, marcaste-me. 
 
    Hoje passei o dia com amigos, amigos com quem também tenho memórias incríveis. Relembramos o passado e as gargalhadas saíam uma atrás das outras. Que tarde bem passada! Mas na realidade, por cada gargalhada ou memória que rebuscava, lembrava-me de ti e o meu coração estremecia. Lembrava-me de como te queria ter ao meu lado e saber, de forma orgulhosa, que és aquele, e só aquele, que acelera o meu coração. Que me puxa ao limite dos meus obstáculos e me desafia a ultrapassar aquilo que aguento para te fazer largar um pequeno gesto como o sorriso. Tu fazias-me desafiar tudo aquilo que eu era, fazias-me querer mudar, acompanhar-te e sobretudo amar-te. Mas esse tempo acabou, não é mesmo? 
 
    E hoje, 14 de Fevereiro, dia em que 6 meses seriam feitos com sucesso, pergunto: Lembraste-te de mim? Lembraste-te de algo que eu disse ou algo que eu fiz? Lembras-te sequer de como tudo começou? Lembras-te das promessas que te fiz para o dia de hoje? Não cumpri nenhuma, não me esforcei porque perdi, meses atrás. Eu perdi tudo: perdi-me a mim, perdi-te a ti, perdi a confiaça, a auto estima, perdi o amor por qual ansiava à muito tempo. Perdi parte do meu mundo e da minha vida mas perdi-o porque tu não estavas feliz comigo. Perdi-o porque eu não queria isso e tu também não. Não quero ser iludido e tu não queres iludir, porque eu sei que és fantástico e não farias nada disso. Tu és simplesmente uma boa pessoa e quero que sejas assim com toda a gente. Que as conquistes com o teu coração de ouro e que as mantenhas por perto para que possam sorrir a teu lado. 
 
    Desde Janeiro que criei uma pequena barreira para suportar a dor, um muro suficientemente alto para que nada entre e nada saia. Sim, funcionou. Mantive-me firme e serviu muito bem para todo o tipo de merda que a minha saúde tem para oferecer. As operações, os terrores, os medos, os ataques de pânico. Eu suportei tudo, guardei as lágrimas que podia guardar e reduzi tudo ao máximo porque a minha fraqueza tornou-se o meu escudo e mentir diáriamente a mim mesmo é a mantra que proclamo todos os dias. "Eu estou bem. Eu aguento. Eu estou bem. Eu aguento. Eu estou bem. Eu aguento.". Todos os dias, grito bem alto para mim num espetáculo em que eu sou o orador e o espectador, num súplico de acreditar que estou realmente bem. Mas cada operação é um novo medo, um novo pânico que não consigo controlar. Dia 18 de Fevereiro vou voltar a fazer uma operação que conheço bem, pois já a fiz antes 2 vezes. É horrível e tenho medo, tenho muito medo. Não quero passar por aquilo outra vez, as dores são massacrantes e eu estou no meu limite... "Im Fine/Save me".
 
    Eu queria-te aqui, a apoiar-me, porque mesmo tu dando o mínimo de ti a força que me ofereces já é sobrehumana. E mesmo toda a gente a dizer-me "estou aqui para o que precisares" eu não sinto isso. Eu sinto pessoas a balbuciar palavras vazias e loucas como uma oração de bom samaritano. As pessoas dizem isso com boa intenção mas com má ação, elas não agem, elas apenas deixam o normal que se espera delas sair. Mas por mim tudo bem. Estar sozinho não é mau, aos bocados começa ser aconchegante. Felizmente ainda há umas pessoas que melhoram o meu dia porque se lembram de mim. Obrigado a vocês, a sério. Vocês são fantásticos e tornam o meu dia mais aceitável.
 
    Mas, bem no fundo, só queria que fosses parte desse minúsculo grupo de pessoas. Tu não o és. E não acredito que voltarás a ser porque o mundo dá voltas e deixamos de ser quem éramos.
 
 
 ~ Nuno Pinto, Quando o Coração se Parte, 14/02/2016 ~ 
 
 

De Algum Modo

 
Se, de algum modo, algum dia eu conseguisse seguir em frente e deixar tudo para trás, achas que um pouco de felicidade iria finalmente encontrar o caminho até mim? Poderia a minha felicidade, há muito desviada do seu caminho, perceber a minha dor, o sofrimento do meu dia-a-dia e voltar para me abraçar?
Oh não... O meu coração começou a rachar e a dor está a voltar outra vez. Por favor, que não seja para sempre. Não aguento mais, quero espaço. Preciso de sorrir, preciso de viver. Não. Aguento. Mais!
 
Se, de algum modo, eu esquecer quem sou, como vivi e cresci, esquecer o meu passado e presente, poderei dormir finalmente sem ter que chorar até os meus olhos se fecharem? Será que essas lágrimas iriam secar e parar de cair? Não... Não posso desejar tal coisa às estrelas. Não posso apagar quem sou, quem fui. Isto é o que eu sou, quem eu realmente sou. Por favor, deixa-me viver...
 
Mesmo que esteja aqui deitado, a chamar o teu nome e a falhar miseravelmente, uma vez após outra, a única coisa boa que te posso dar é o meu coração, o meu amor. Desculpa...
 
"Não faz mal."
 
Se, de algum modo, eu poder desejar algo às estrelas e ao céu para que se torne realidade, vou pensar em ti e desejar todas as coisas que desejas e almejas porque tu mereces o mundo. Mas sabes, eu não peço nem tenho muitos desejos. Nenhuns, na verdade. O meu único desejo seria tu conseguires concretizar os teus, com ou sem mim...
 
Mesmo que o meu chamamento não chegue até ti, o amor que sinto é um peso que não consigo suportar sozinho. Só tenho um único coração e é tudo o que tenho para te oferecer...
 
Pára, pára por favor! Não me mostres pena quando não me podes amar de volta. Não aguento que sejas assim comigo, porque continuas aqui? Isso magoa. Estás a magoar-me... Por favor, fica... Não me deixes, mesmo que me estejas a magoar. Preciso de ti aqui!
 
Não consegues ver. Porquê? Porque não me matas e levas os ossos, ou tudo o resto como prova de uma derrota de amor? Começo a sofrer e a despedaçar-me, faz agora o que quiseres! Estou a tremer e a gritar e os meus olhos estão tão vermelhos neste momento...  Não me deixes ir. Abraça-me...
 
Se o meu coração batesse mais forte, conseguirias encontrar o caminho até ele e ver tudo o que se encontra bem fundo, preso nele?
Até ao momento em que olharias para mim e dirias "Eu sei. Eu estou aqui, para ti."
 
 
 ~ Nuno Pinto, Quando o Coração se Parte, 02/12/2015 ~

Agora é a Hora!

 

Uma semana se passou desde que tudo acabou. Mantive-me oculto, mantive-me firme apesar da falta de disposição, falta de motivação poque afinal de contas, tu és a minha motivação, és a minha força e agora que te perdi, sinto que perdi o que me era mais importante.

As memórias atormentam-me. Qualquer coisa que me lembra de ti: um lugar, uma palavra, um objeto. Seja o que for, tenho sempre uma pequena memória ligada a isso. Essas pequenas coisas que antes me faziam sorrir por estar tão apaixonado por ti, agora deixa-me transtornado, a morrer aos poucos por saber que aquilo que mais amo e desejo não me pertence. 
Todas as noites me pergunto: "Onde errei? Não o amei o suficiente? Será que se fizesse ... teria sido melhor?". Não! Não é culpa minha. Nem tua. Nem de ninguém. As coisas acontecem, ponto final. Mas a verdade é que, mesmo antes começar o namoro, eu já tinha medo de te perder, medo que alguém me roubasse de ti. Pelos vistos, os meus medos sempre se tornam reais. E aqui estou eu, sem ti, a desejar voltar no tempo para o dia em que te beijei pela primeira vez, para o dia em que o meu coração simplesmente disparou quando me tocaste os lábios com os teus. Aqui estou eu a escrever uma barbaridade destas enquanto choro o suficiente para encher um oceano, tudo porque tu me afetas, tudo porque eu te amo.

Quantas vezes abdiquei de coisas por ti, quantas vezes quis ser mais egoísta e pedir-te algo complicado, quantas vezes deixei de dizer alguma coisa porque sei que te ia magoar, chatear ou incomodar. Eu dei-te tudo de mim, ainda que não retribuísses da mesma forma (e não tinhas, nunca te pedi nada). Mas estavas aqui, estavas comigo e podia-te chamar de meu. Ah, tu davas-me tudo só com o teu sorriso, com os teus lábios, com as carícias. Tu davas-me o mundo e eu ficava tão satisfeito. Perdia-me no teu cheiro, navegava nas tuas palavras, sorria quando tu sorrias e fui tão feliz. Tu, acima de qualquer coisa, fazias-me bem, fazias-me querer viver, fazias-me querer ser sempre mais, sempre melhor, para poder sempre compensar as minhas falhas.

No outro dia, estive a ler mensagens que trocamos, por volta de Agosto. As promessas que pareciam eternas e na verdade foram em vão, os "amo-te"s que me mandaste que agora parecem tão distantes e frios, as longas declarações a meio da noite ou da manhã (aquelas que me faziam acreditar que o mundo era perfeito ao teu lado) que agora parecem uma manada de palavras gordas e bonitas retiradas de um livro de romance. Nesse dia, as memórias eram facas de açougue e não memórias. Senti todo o meu Eu ser cortado em vários partes e preenchido com emoções negativas: saudade, tristeza, desgosto, dor. Fiquei num estado de quase-morte emocional, desgastado, fraco, abatido e indesejado. Fechei os olhos e apenas pensei "Mas apesar de tudo, eu ainda o amo.".

E mais uma vez me pergunto, agora, enquanto escrevo: "Amaste-me tão intensamente quanto eu ainda te amo? Será que ainda pensas em mim e naquilo que fomos? Será que algures em ti ainda deseja estar próximo de mim? Ou será que eu fui apenas uma boa experiência?". Eu quero acreditar que fui alguém te conquistou, que te deu todo o amor que te deixava realizado. Quero mesmo acreditar, porque se assim for, fico eternamente satisfeito por ser útil pelo menos a uma pessoa, aquela que eu mais amo neste momento.
Agora quase nem falo contigo, não sei como estás, não sei o impacto que isto tudo teve em ti mas acredito que a outra pessoa por quem te apaixonaste te deve estar a fazer feliz ou pelo menos, é o que assim parece. Não sei se o sentimento é recíproco, mas espero que seja porque amar aguém que não te ama é realmente uma dor que não desejo a ninguém.

Por favor, se, de alguma forma estiveres a ler isto, fala comigo. Eu preciso de ti, preciso mesmo! Mesmo que não me voltes a dizer "eu amo-te", por favor, pelo menos fica por perto para me dar força porque tu és a chama que alimenta o meu coração apagado.
Espero que num futuro próximo possamos reconstruir alguma coisa. 
Terás sempre um lugar guardado no meu coração.
Obrigado por tudo!
Amo-te.  (14)

 

 ~ Nuno Pinto, Quando o Coração se Parte, 16/11/2015 ~ 


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